sábado, 9 de janeiro de 2010

Pintando a casa, iluminando a vida


Por Flávia Fernandes


Há quase dois anos estou com uma reforma interminável em casa. Esse ano, como havia juntado uma boa grana, estava querendo pôr fim, mas como perdi o emprego e fiquei com medo do tempo que iria ficar parada, resolvi adiar um pouco mais.

Apesar de estar meio feio, o apartamento estava com um clima ótimo e eu acabei não me importando muito com isso, afinal seria questão de tempo pra voltar ao mercado de trabalho e encerrar a reforma de uma vez por todas, mesmo sabendo que ainda há muito que ser feito por aqui.

Bem, depois de 6 meses parada e sem nenhuma perspectiva, confesso que fiquei muito depressiva e comecei a sentir os efeitos das paredes no cimento, aquela cor cinza escuro estava causando tristeza, ao mesmo tempo em que eu estava cada vez mais ‘enterrada’ dentro de casa, mas quando saía, não tinha a menor vontade de voltar. Isso me deixava ainda pior, pois sou apaixonada pela minha casa e pelo astral delicioso que tem.

No início de dezembro, vendo que todo mundo começava os preparativos pro Natal, não me sentia com o menor ânimo pra isso. Estava sem vontade de fazer a ceia, sem ânimo pras comemorações e, bem lá no fundo, dizia pra mim mesma que gostaria de dormir dia 20 de dezembro e acordar dia 02 de janeiro.

Um belo dia minha mãe conversou comigo e, como a ceia de Natal sempre é na minha casa, ela me propôs darmos um jeito na sala, para que pudéssemos ter uma noite mais animada, pois aquele cimento feio nas paredes dava ar de tristeza. De início eu torci o nariz e disse que seria complicado arrumar um pintor nessa época do ano e, se arranjasse, seria caríssimo e eu estava em fase de economia, mas ela disse que poderíamos fazer nós mesmas e eu aceitei o desafio.

Na parte onde não havia cimento, tinha a tinta e era necessário raspar pra passar a tinta nova.

Lá fui eu... comprei uma espátula, arrumei uma roupa que pudesse sujar, peguei a escada e comecei a remover aquela tinta – era um azul horrível e cansativo aos olhos. É engraçado comentar isso, mas foi a coisa mais terapêutica que fiz!

Ralei meus dedos, respirei pó à beça, sujei muito o chão, mas aquilo foi ficando tão bom que muitas vezes não me dei conta que estava há horas fazendo a tal raspagem. Muitas vezes me surpreendi ao olhar o relógio e constatar que já era madrugada.

Levantava moída, com dor no ombro pela repetição do movimento, espirrando por conta da rinite, mas bastava me sentir melhor e já ia pra minha sessão de terapia.

Nesse meio tempo, minha irmã que estava grávida, novamente perdeu o bebê e eu fiz questão de jogar a tristeza pra cima daquelas paredes, usando a espátula pra remover a tinta, com força pra eliminar o que estava ruim dentro e fora.

Depois que a sala já estava inteira raspada, meu irmão veio dar aquela força: ficamos o dia inteiro juntos, passando massa corrida nas paredes e depois lixando, pra deixar tudo bonitinho.

No final do dia, a sala estava uma sujeira assustadora e a vontade que dava era de sair correndo, tamanho o desespero de tanto pó espalhado. Terminei a limpeza já passava das 22h e só tive coragem de tomar um banho e um copo de leite. Dormi de cansaço, mas com um astral completamente diferente do início dessa aventura.

No dia seguinte dei início ao processo de pintura das paredes. Que delícia! A primeira demão de tinta e precisava esperar o dia seguinte pra passar a segunda. A ansiedade da espera foi grande, mas o resultado do primeiro dia foi algo inexplicável.

Como é boa a sensação de arrumarmos o que é nosso, de colocar a nossa mão, fazer do nosso jeito. Acho que nunca tinha tido uma oportunidade parecida na vida e essa, foi maravilhosa!

Foi tudo tão gostoso que fiz até um histórico fotográfico, pra deixar registrados os momentos tão bons que vivi nesses dias em que tive um encontro da minha casa comigo mesma. Recomendo!

Bem, o resultado do primeiro dia só foi possível constatar na manhã seguinte e já estava apaixonada pelo que estava vendo. Mal podia esperar pra dar continuidade e encerrar a pintura da minha sala. Dessa vez, minha mãe e meu irmão estavam juntos e nós três concluímos a pintura, limpamos o chão e recolocamos os móveis no lugar, mudando a disposição. Aproveitei pra colocar também umas cortinas novas e um vaso de plantas, coisa que ainda não havia experimentado na sala.

Na noite do dia 23 de dezembro, após um dia exaustivo de pintura e limpeza da casa, fui dormir com a sensação de que havia mudado de endereço. Cansada, mas feliz.

Ao acordar no dia 24, estava satisfeita com o resultado, orgulhosa por saber que o trabalho havia sido executado por mim. E muito empolgada pra fazer uma linda ceia de Natal e receber minha família com muito amor e carinho.

Fizemos a ceia e o almoço de natal e eu estava tão feliz que parecia uma criança quando ganha um brinquedo de presente. A casa está mais clara, mais iluminada e com isso, minha aura também está. Era possível notar em meu rosto, em meu sorriso a satisfação dessa conquista que é minha.

Com isso, acabei me empolgando e já estou me preparando pra pegar o meu quarto agora. É menor e vai ser menos trabalhoso, mas tenho certeza de que será tão empolgante quanto foi com a sala. Vou só esperar a virada do ano, pois preciso me recuperar do cansaço, mas tão logo o ano comece, vou retomar esse trabalho.

O melhor de tudo é que, com essa pequena novidade em minha vida, os planos pra 2010 são ótimos. A energia da casa me deu uma nova força e estou apostando que, com isso, o ano vai começar muito bem e cheio de coisas boas.


Feliz Natal e um ano novo totalmente iluminado à todos!


Este texto foi escrito em 25/12/2009

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sensação de Abandono

por Flávia Fernandes


Circulando na fria cidade de São Paulo, numa noite chuvosa, observo as luzes de Natal anunciando que nos aproximamos do final do livro de mais um ano e começaremos a escrever nas páginas em branco do livro do próximo ano, onde registramos a continuação das nossas histórias.

Hoje foi o último dia do ano, das reuniões da casa espírita. Tudo muito bonito e emocionante como sempre, embora em meu coração houvesse uma ponta de tristeza, de saudade, de abandono.

Depois de muita emoção e lágrimas entre os amigos, foi a vez da emoção mais forte: a despedida dos amigos espirituais!

Emoção inexplicável, amor, carinho, ternura, luz, paz e os agradecimentos deles para nós, os irmãos encarnados, parabenizando-nos pelos trabalhos de caridade, dedicados durante o decorrer do ano todo e anunciando os grandes progressos que obtivemos na casa, junto à equipe espiritual.

Se os irmãos de luz nos emocionam tanto, não tenho como expor em palavras a emoção sentida quando se apresentaram aqueles irmãos desencarnados, que passaram pela casa durante o ano e pediram e receberam ajuda. Voltaram para agradecer, pra mostrar que fizeram algum progresso e que estão se esforçando pra melhorar dia após dia. Que benção!

Bem, depois da jornada de 10 meses de trabalho árduo, semanalmente, é hora de descansar e colocar em prática os ensinamentos do ano inteiro. Serão dois meses de afastamento da espiritualidade e, mal saí da casa, já estou com aquele friozinho na barriga; aquela sensação de vazio, de abandono por estar distante desses amigos.

Claro que não estou sendo justa ao falar dessa forma, reconheço! Eles estão ao nosso lado o tempo todo, sempre prontos pro devido amparo que necessitamos, mas distante da casa, parece que estamos também distantes deles.

O ano de 2009 não foi nada fácil pra mim. Se tive algumas alegrias, tive também tristezas, perdas, arrependimentos, entre outras inúmeras coisas. A mais difícil, sem dúvida, foi ter perdido o emprego e estar há seis meses parada.

Não sei se é coincidência ou não, mas os anos ímpares sempre vieram pra mim, trazendo uma série de coisas negativas, tristes e algum sofrimento, e esse, por incrível que pareça, não foi diferente. No entanto, se nem tudo foram flores, também nem tudo foram espinhos e o equilíbrio aliado à fé e à perseverança foram fundamentais nas horas mais difíceis e inevitáveis de angústia e sofrimento e a equipe espiritual foi absolutamente responsável por esses momentos em que consegui me manter firme.

Nestes dois meses de afastamento da casa, tenho o compromisso semanal com o evangelho no lar e, acima de tudo, manter o mesmo equilíbrio do ano todo, sem me deixar cair nas armadilhas das pedras que encontrar pelo caminho, manter a fé e o coração voltado pra Deus, acreditando sempre no amor, na união e nas bênçãos que estão reservadas pra todos nós.

Bem, a sensação de abandono (ou medo talvez) é grande, mas a fé vai me ajudar a superar e tocar esses dois meses da melhor forma possível, me preparando pra entrar com garra e perseverança o próximo ano, fazendo o meu papel e colaborando da melhor forma possível.

Medo existe em todos nós. Superá-lo é a meta individual de cada um. Conto com cada amigo, com cada ente querido e com cada espírito de luz pra cumprir tal meta!

Que Deus abençoe a cada um de nós e que possamos nos sentir cada dia mais amparados e protegidos, sempre na certeza de que temos muitos amigos, ainda que invisíveis, nos auxiliando nas horas difíceis.

Feliz Natal, caros amigos. Que o espírito iluminado do Menino Jesus se faça presente nos corações de cada um de nós.



Este texto foi escrito na noite de 09/12/2009