quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Obrigada, Sr. Presidente!


Final da década de 70 (época que o Brasil não tem orgulho de lembrar), minha mãe tinha 4 filhos pequenos e vivíamos com muita dificuldade financeira.

Eu e minha irmã mais velha, praticamente íamos pra escola pra poder comer e a noite, minha mãe nos mandava brincar na casa dos vizinhos, pra que tivéssemos a sorte de poder jantar.

Muitas vezes fui à padaria com o dinheiro contado do pão, mas voltava pra casa com o pão e o dinheiro. Não me envergonho de contar isso, mas também não tenho nenhum orgulho. Era bem pequena, disfarçava entre os adultos que rodeavam os balcões e saía de fininho, salvando mais um dia em que tinha o que comer e poderia ter novamente, no dia seguinte.

Aos nove anos, colocava minha mesinha de brinquedo na porta de casa e vendia papéis de presente que minha tia comprava na 25 de Março, em épocas festivas, aos trabalhadores da editora de jornal que havia na frente de casa e que não tinham tempo de sair pra comprar.

Aos 14, vendia perfume, batom, cremes e bijouterias para as amigas de escola, podendo ajudar nas despesas de casa. Aos quinze eu já trabalhava com registro em carteira.

Em 1989, contava eu com 16 anos e o Brasil voltaria a escolher o presidente por voto direto. Melhor que isso: com 16 anos, eu também poderia votar!

Fiz questão de tirar meu título pra votar no Sr. O único homem que eu achava que poderia ajudar a mudar a vida que levava.

Otimista ao extremo, sofri quando o resultado não foi o que esperava. Tive muitos sonhos frustrados naquele instante e via, principalmente, o sonho da faculdade cada dia mais distante.

Ingressei na faculdade no mesmo ano em que o Sr. Recebeu seu diploma de Presidente da República. Que orgulho eu senti do Sr. e de toda uma nação que, finalmente, dava a chance pro operário governar para todos e não apenas pra minoria, como era desde sempre.

Hoje, presidente Lula, 8 anos após o início do seu mandato, o país mudou, melhorou. O filho do pobre pode ter curso superior, pode ter carro, casa própria, trabalho digno, viajar de avião, ter acesso à cultura, ao lazer e, principalmente, não falta mais o alimento à mesa!

Por esse motivo, Sr. Presidente, é que nesta data, no último dia do seu mandato eu quero lhe dizer: Muito Obrigada!

Obrigada por não permitir que hoje, outras famílias passem pela mesma situação que a minha passou naquela época. Obrigada por mostrar que seu sonho era possível e por ser tão humano!

Obrigada por fazer deste país que tanto amo, um país para todos e não apenas para uma minoria. Obrigada por nos dar orgulho de ser brasileiros, por chorar de emoção com cada lágrima sua, por te admirarmos mais a cada quebra de protocolo, por estar perto do seu povo, por falar a nossa língua, seja dentro ou fora do Brasil.

Obrigada, Presidente, por obedecer à dona Lindu e teimar. Não fosse por sua teimosia e persistência, nada disso hoje seria possível.

Recuso-me a dizer adeus! No máximo um “até breve”, pois adeus é muito distante e acho que, nem eu e nem o povo brasileiro, saberá daqui por diante, viver longe de ti, que foi o melhor presidente de toda a história do nosso país.

Obrigada presidente, muito obrigada por tudo de bom que o Sr. fez por nós.

Que Deus o abençoe em todos os dias de sua vida e que seja uma vida longa!

Talvez o Lula jamais leia essas minhas palavras, mas fiz questão de registrar aqui, pra que todos vejam o orgulho que tenho de poder chamá-lo, carinhosamente, de “meu presidente”.

Feliz ano novo! Feliz vida nova! Feliz Brasil novo!