quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

George


Foi muito difícil naquele dia. Era dia de festa na corte. Todos estavam felizes. Muita alegria, música, dança, muita fartura de comida e bebida.

Eu era parte da guarda. O rei confiava em mim. Ganháramos muitas batalhas juntos e todos estávamos sendo condecorados.

De repente algo aconteceu. Fui traído. Mentiras e injúrias à meu respeito e eu não tive nem como me defender, não me deram a chance de provar minha inocência.

O rei, que me tinha como amigo, acreditou no outro e não em mim. Não tive a oportunidade nem de falar.

A festa acabou. Fui preso, humilhado e condenado à morte.

No dia seguinte, em praça pública, diante de todo o povoado, lá estava eu indo pra guilhotina.

Em segundos eu presenciava uma cena triste: meu corpo de um lado, cabeça de outro. Eu via tudo, sentia náusea e não acreditava como era possível estar de lado e vendo tudo.

Observei os rostos e me deparei com alguns sorrindo. Os mesmos que me traíram. Vi minha mãe sofrendo e pude sentir sua dor, sua revolta. Vi quando riram dela e a expulsaram do local, desrespeitando sua dor.

Senti revolta. Não entendia como era possível estar ali e presenciar aquilo tudo. Quis lutar mas não consegui. Prometi vingança. Jurei que aniquilaria um a um, todos aqueles que me traíram e que se divertiam naquele instante.

Obtive sucesso com algumas vinganças, mas não me sentia feliz. Queria mais. Juntei-me a outros que podiam me ver. Elaboramos planos pra que pudéssemos nos vingar de todos os que nos prejudicaram.

Só havia ódio e rancor em meu coração e meu único objetivo era a vingança. Estava cego, cheio de cólera e muito revoltado. Fiz de tudo para prejudicar aquele que eu considerava amigo; aquele rei que era injusto e todos os invejosos que não aceitavam a confiança e amizade que um dia houve.

Certa vez, porém, quando vi minha mãe sofrendo, pedindo a Deus que a ajudasse a suportar a dor, que me recebesse com amor e que me auxiliasse, chorei e pedi perdão com sinceridade. Ainda queria me vingar, mas não suportava o sofrimento de minha mãe.

Afastei-me por um tempo daqueles que me incentivavam a colocar meus planos em prática. Estava desesperado. Havia anos que meu único objetivo era só a vingança.

Observava as preces da minha mãe e compreendia que o perdão era preciso pra que o sofrimento acabasse.

Depois de muito chorar e sofrer, percebi que havia um amigo me observando. Sentia confiança naquela pessoa, mas tinha receio. Ainda me lembrava da traição.

Ele esteve comigo por muito tempo, até que no dia em que me senti verdadeiramente cansado, entregue ao desespero, ele me ajudou.

Resgatou-me de meus próprios sentimentos e me levou pra um lugar onde só recebi compreensão e amor.

Demorei muito para entender o que houve comigo. Jamais imaginei que o fim da vida física não era o fim de tudo, mas compreendi que deixar de sofrer só dependia de mim mesmo.

Tenho minha mãezinha ao meu lado e sou agradecido por suas preces, que me ajudaram a compreender que o perdão é a ponte que nos leva para perto de Deus.

Hoje me sinto limpo. A ferida em volta do pescoço está fechada, mas principalmente, a do coração, já não existe mais.

Estou em paz e quero ajudar aqueles que sentem ódio, a só sentir amor.


Psicografado por mim e ditado pelo irmão espiritual, George

Segunda-feira, 05 de dezembro de 2011, no C.E. Santuário da Paz