sábado, 17 de outubro de 2009

Livros: Uma Paixão Escancarada

por Flávia Fernandes



Esse ano o presidente Lula sancionou a Lei que institui o Dia Nacional da Leitura, como sendo o dia 12 de outubro e a Semana Nacional da Leitura e da Literatura, que recai ao Dia Nacional da Leitura, semana essa em que comemoramos também, o dia do professor.

Para muitos talvez esse dia não signifique nada, mas para os apaixonados por livros, como eu, esse é um dia a ser comemorado com muito carinho e, porque não, com um texto em homenagem ao meu grande companheiro de todas as horas, os livros?

Não sei bem quando foi que essa paixão começou. Lembro-me de quando era criança, minha mãe com a responsabilidade de cuidar de quatro filhos pequenos, se desdobrava na criatividade pra manter os pequenos ocupados e sem aprontar. Dentre essas distrações, me via próxima aos livros.

Não sabia ler ainda, mas já ficava virando as páginas dos livros, olhando as figuras e criando minhas próprias estórias, meus personagens favoritos e imaginando que um dia, poderia entender o que havia escrito naquelas letrinhas miúdas.

Meu maior ouvinte era meu irmão. Na hora de fazê-lo dormir, pedia que contasse historinhas e eu sempre procurava esses livros e fantasiava de acordo com minha imaginação. Era bacana que todos os dias algo mudava e ele sempre me cobrava o fato de que no dia anterior havia sido diferente, mas eu dizia que, quando eu fechava o livro, aquelas letrinhas se misturavam e modificava a estória, que aquele era um livro mágico e assim, ele ia ouvindo meus contos.

Era bom deixar a imaginação fluir e o melhor era que, em meus contos, quase não havia vilões. Naquelas páginas, eu criava o meu mundo perfeito.

Depois de algumas mudanças de casa e de cidade, fui parar num colégio muito bem organizado, muito limpo e rígido no ensino e, logo no primeiro dia, levaram-me à biblioteca pra que eu conhecesse. Ao entrar naquela sala imensa, cheia de estantes abarrotadas de livros para toda a idade escolar, senti-me como num sonho. Era como se eu fosse uma pequena garota, rodeada de grandes livros, cheio de personagens amigos, vivendo num mundo perfeito.

Por alguns instantes, tudo ficou mudo à minha volta e eu só ouvia os sons da minha imaginação e, de repente, interrompi a professora que estava me explicando sobre a biblioteca e perguntei: “Professora, é muito caro pra comprar livros aqui? É que minha mãe não pode comprá-los, mas eu gosto muito de ler!”

A pergunta foi inocente, mas a professora, com um belo sorriso que ainda não me esqueço, passou a mão nos meus cabelos loirinhos e disse: “Meu bem, aqui não precisa pagar pra ler os livros. Você pode pegar emprestado por alguns dias, levar pra casa pra ler e, quando terminar, devolva. Pode pegar quantas vezes quiser, só precisa cuidar.”

Estudei por 8 anos naquela escola e, devo ter lido no mínimo, metade daquele acervo. Passava horas na biblioteca lendo, pesquisando e, na ânsia de ler mais de um livro na semana, pedia emprestado um livro de poucas páginas, passava a tarde inteira lendo e, antes de voltar pra casa, já pegava outro, pra ter a felicidade de somar quantidades de páginas em minha vida.

O tempo passou, saí de lá, mas os livros continuaram me acompanhando de alguma forma. Quando chegou a hora de prestar o vestibular, li o que era obrigatório e também o que era sugerido. Que delícia que era, quando algum professor indicava livros. Eu os devorava!

A vida foi generosa comigo, não posso me queixar. Pelo menos no que diz respeito aos livros.

Precisei ir trabalhar cedo, pra ajudar nas despesas de casa. Conheci muita gente e, como era difícil pagar, o jeito era emprestar dos amigos. Li muito livro em pé no metrô ou em ônibus, reduzi a hora de almoço pela metade pra poder ler alguns capítulos e até me escondi debaixo das cobertas, com uma lanterna, pra poder ler e minha mãe pensar que eu estava dormindo.

Um belo dia – que eu realmente o considero belo! – tive a oportunidade de conseguir um emprego bom, uma oferta irrecusável, um presente da vida! Fui contratada pra trabalhar numa livraria!

Que sonho bom! Foram treze anos, rodeada de livros. Em todos os cantos, eram páginas e mais páginas que enriquecem os conhecimentos, que trazem informação, que trazem distração, que nos afastam ainda que só por algumas horas, do mundo real pro mundo da fantasia.

Essa paixão pelos livros já virou vício, já virou obsessão, pois não há uma única noite em que me deito sem ler, no mínimo, um capítulo de algum livro que esteja por perto.

Faço filas deles pra ler. Priorizo aqueles que viraram filmes pra poder assistir depois. Leio livro em outro idioma que não entendo, só pra exercitar a imaginação; Já cheguei ao cúmulo de ler até enquanto dirigia, no trânsito infernal de São Paulo.

Não tenho nenhuma mania em especial, quando estou lendo, mas gosto de colocar música instrumental pra tocar e essa relação de música com livro deixa uma marca gostosa na lembrança.

Há alguns meses, li novamente o livro Feliz Ano Velho e, durante toda a leitura, tocava em ordem randômica a música Illumination do Secret Garden e agora, sempre que ouço essa música, me vem à lembrança o livro e também algumas sensações que senti enquanto lia.

Feliz aquele que tem no livro, um grande companheiro de aventuras, de fantasia, de amor ou de aprendizado. Feliz aquele que consegue viver alguns momentos, a mesma relação que o autor do livro vive, ao escrevê-lo!

Esse texto é uma homenagem aos livros, aos escritores, aos leitores e aos professores, grandes mestres que nos ensinam a maravilhosa arte de ler e escrever!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Contos que me Permitiram Contar - Rita

por Flávia Fernandes


Ela deitou cedo. Havia decidido deixar o relógio em casa quando partiu para esses dias de férias no campo e não tinha a menor noção do horário, mas sabia que ainda era cedo.

Queria descansar e aproveitar o clima bom, o frescor da manhã, a brisa, o cheiro do mato. Queria também conversar com Deus. Tinha em sua cabeça que o melhor horário para conversar com Ele era bem cedinho, no início do alvorecer, pois nesse horário, muitos ainda dormem e os que madrugam, estão entre suas tarefas matinais, então, Deus estaria menos ocupado e ouvindo menos chamados.

Claro que isso tudo era apenas a forma como ela tocava sua vida, pois tinha a consciência de que, quando anoitece em um lugar, em outro deste imenso planeta, o dia está amanhecendo, mas confortava seu coração pensar dessa forma.

Foi dormir com o coração em paz, embora estivesse bastante cansada de sua luta. Tentando vencer um câncer há seis anos, fora abandonada pelo marido na metade deste tempo e desde então, enfrentava uma batalha atrás da outra, sempre perdendo algo, mas jamais a fé ou a esperança de que venceria no momento certo.

Rita decidira passar umas férias na casa de campo que uns amigos lhe ofereceram, no intervalo do tratamento entre uma quimioterapia e outra, para se recuperar do choque, depois de ter ouvido da equipe médica que seu caso já não havia mais solução para a medicina e que só um milagre para curá-la.

Completamente sozinha, com a família distante e um casamento que não gerou frutos, restou-lhe o aconchego dos amigos e a fé que este milagre realmente aconteceria, somado ao tratamento que não seria interrompido. Por este motivo, ela aceitou o convite dos amigos e lá se foi refugiar-se em um pequeno sítio, com muito conforto, mas sem perder a beleza do campo.

Sentia dores quando se deitou e pediu a Deus que lhe permitisse suportá-las até a próxima manhã e como sempre fizera, agradeceu ao dia que se passou e entregou o próximo em Suas mãos.

Ela acordou com os primeiros raios da manhã batendo em sua janela e o som dos pássaros cantando felizes, anunciando que o novo dia chegara.

Havia em si uma paz absolutamente inexplicável e uma sensação de que todo seu sofrimento, por fim, estava abreviado. Não havia dor, não havia medo, apenas uma paz que inundara seu espírito.

Após alguns minutos, Rita abriu os olhos e se deu conta de que não estava em seu quarto, que aquela não era a sua cama e o céu, que podia avistar da janela ao lado, era de um azul jamais observado em todos os seus anos de vida. O frescor da manhã que timidamente circulava entre seus aposentos e o aroma que as flores do lado de fora exalavam, deixou-a bastante confusa, mas a sensação que estava vivendo naquele instante era diferente de tudo o que já havia sentido em toda sua vida.

Ainda sem entender direito o que estava acontecendo, tratou de fechar os olhos e agradecer a Deus, qualquer que fosse aquele motivo, mas que lhe trouxera tanta paz e as dores, sumidas completamente.

Num misto de receio e curiosidade, resolveu levantar-se para saber afinal, que lugar maravilhoso era aquele.

Quando enfim, sentou-se na cama, ouviu o toque na porta e avistou um rapaz que trazia consigo um sorriso quase angelical. Todo o ambiente iluminou-se e no ar, um perfume suave e delicioso.

Apresentou-se como Apolônio e que era responsável por cuidar dela naqueles dias em que estava passando por um tratamento especial. Sem entender nada, Rita perguntou-lhe o que havia acontecido e o motivo pelo qual estava naquele lugar. Quis saber se durante o sono teve algum problema que precisou ser encaminhada a algum hospital, pois não se lembrava de nada. Perguntou-lhe por quanto tempo estivera desacordada e agradeceu-lhe o fato de estar disposta, animada, sem dores e feliz.

As perguntas eram muitas e o rapaz ainda não tivera a chance de responder-lhe, tamanha a curiosidade de Rita.

Foi então que ela percebeu a educação do rapaz aguardando que terminasse todas as indagações e deixou que ele, finalmente, pudesse responder seus questionamentos.

Apolônio, com toda a tranqüilidade e equilíbrio que transmitia, explicou-lhe que durante o sono, tivera complicações de saúde devido à doença e que seu corpo, bastante frágil, não suportou e ele, junto com uma grande equipe espiritual, foi buscá-la. Que aquele ali era um hospital espiritual e que ela, já não mais fazia parte do mundo dos encarnados.

Disse-lhe que todo o sofrimento físico já não lhe pertencia mais e que agora, ali era sua nova morada. Que não se preocupasse com nada, pois havia muitos amigos por perto e estaria sob os cuidados daqueles que a acompanharam em sua jornada terrena, dando-lhe auxílio nas horas difíceis e recebendo dela, o carinho através de suas preces.

Talvez pra ela, não fosse tão simples a compreensão dos acontecimentos, mas por outro lado, a sensação é de que tudo fosse mais real do que pudesse imaginar já que, nesses anos todos em que lutara contra a doença, foram nas leituras de livros espíritas, onde ela encontrou mais alento e também, um lenitivo pra sua dor.

Hoje, pouco mais de um ano de sua passagem, Rita é um espírito aprendiz e de muita luz. Trabalha numa equipe que auxilia irmãos no hospital do câncer e agradece a Deus todos os dias, pelo aprendizado e as novas oportunidades.

Rita está feliz, aprendendo cada dia mais e podendo colaborar com os irmãos em sofrimento e de tudo isso, ficou o entendimento de que a prece, o amor ao próximo e a caridade são o melhor remédio contra qualquer dor ou doença e que, quando doamos o melhor de nós pra alguém, o maior beneficiário, sem dúvida alguma, somos nós mesmos.

Que Deus abençoe a Rita, ao Apolônio, à equipe espiritual e todos aqueles que se dispõe a fazer algo em benefício do próximo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um presentinho...


Ganhei esse selinho da Ana Lúcia Porto, do blog "Entre um Café e um Bate Papo"... Obrigada pelo carinho...


As regras são:

Publicar o selinho e indicar quem o repassou!

*Perguntas e Respostas:

1. Você é casada? Não.
2. Tem quantos filhos? Não tenho filhos, ainda...
3. Fuma? Não.
4. Bebe? De vez em quando.
5. Tem compulsão por algum tipo de comida? Não.
6. Prefere frio ou calor? Calor.
7. Prefere doce ou salgado? Ambos e na medida exata.
8. Qual sua profissão? Consultora Oracle
9. Último filme que você viu? O Conde de Monte Cristo
10. Qual foi o dia mais feliz da sua vida? Bem, depois de vencer um câncer, todos os dias são muito felizes. Sou feliz da vida!

*Indicar 05 blogueiras para receber o selo e avisá-las.

- "De Onde Vem a Calma"
- "Arte Entre Artes"
- "Ligeiramente Grávida "
- "Vivi Groba"
- "Nanamada"

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Apenas um sonho...

por Flávia Fernandes


Essa noite eu sonhei com nós dois.

Estávamos vivendo juntos em um lugar maravilhoso, um lugar de mato verde. Parecia o paraíso, de tão belo.

Felizes e completamente realizados, era fácil perceber isso já que não tínhamos como esconder o sorriso nos lábios o tempo todo.

Eu caminhava por entre flores do campo e era acompanhada por um simpático cãozinho e algumas aves que voavam livres e brincavam felizes e despreocupadas.

Meu vestido de margaridinhas misturava-se com as flores reais do campo, mas dava um destaque especial para a barriga que abrigava nosso filho tão desejado e tão amado.

No céu que era de um azul maravilhoso, algumas pequenas nuvens de algodão passeavam, mas o sol brilhava nesse fim de tarde que parecia ser de primavera e uma brisa deliciosa fazia com que meus cabelos esvoaçassem e meu vestido florido tocasse as flores naturais daquele lindo jardim.

Ao longe, na varanda daquela que, certamente, era a nossa casa, você descansava tranqüilo em uma cadeira de balanço, observando minha caminhada à distância e sentindo-se imensamente feliz por realizar o grande sonho de nossas vidas.

Atrás da casa era possível avistar algumas montanhas, bem distantes e as nuvens que pareciam tocar no cume da mais alta. Algumas árvores e muita natureza à nossa volta.

Comecei meu trajeto de volta, seguindo ao seu encontro e, há poucos metros de distância e com um sorriso feliz pra você que me esperava, o telefone tocou, despertando-me para a realidade que foi difícil reconhecer e aceitar que fora apenas um sonho.

Estávamos tão lindos e tão felizes... acho que só aí me dei conta de que não poderia ser real.

Você se foi. Deixou pra trás nossos planos e nossos sonhos, mas deixou também muito amor, muito carinho e lembranças das coisas boas que vivemos juntos.

Foi bom sonhar com você. Melhor ainda que foi tudo tão lindo, apaixonante e feliz. Trouxe paz pro meu espírito e uma certeza de que, de certa forma, sempre estaremos juntos.

Obrigada por sempre me fazer mais feliz.

sábado, 18 de julho de 2009

Uma agradável sexta-feira

por Flávia Fernandes


Passava um pouco das nove da manhã quando o telefone tocou. Era minha mãe, me convidando pra passar o dia com ela. Normalmente isso não seria possível, mas como estou de férias – ainda que forçadas – esse convite veio bem a calhar e eu aceitei prontamente.

Estava uma manhã muito agradável. Apesar do inverno, o sol ainda tímido dava sinais de que o dia seria quente, excelente pra um bom passeio.

Algumas pessoas caminhavam apressadas pelas ruas, transitando quase como robôs, sem perceberem nada à sua volta, deixando de notar os raios de sol que iluminavam a manhã, alguns pássaros em cima de galhos das árvores e até de alguns idosos que caminhavam tranqüilamente enquanto o sol ainda não ardia.

Tomamos um café juntas e nos preparamos para bater pernas pelas ruas da região central da cidade. Praticamente uma aventura!

Minha mãe é artista plástica e estava precisando fazer compras para a produção de novas peças e como eu estou de bobeira em casa, acabamos fazendo companhia uma à outra e pra mim, foi fascinante!

Sei o quanto é difícil pra ela, entrar no meu mundo nerd, cheio de expressões diferentes, cheio de novidades tecnológicas e tudo o mais, porém, penetrar pelo mundo dela é bem mais fácil e, garanto, muito mais agradável também.

Chegamos à primeira loja e já me encantei de imediato: um belíssimo quadro retratando a beleza e simplicidade de São Francisco de Assis. Lindo!

Por todos os cantos, telas prontas, telas brancas, molduras diversas, tintas, pincéis e livros!!! Livros, que maravilha!

Observando todas aquelas obras lindas, vejo-os contando sobre a vida de Monet, de Michelangelo, de Van Gogh, de da Vinci. Meus olhos percorriam as capas, vidrados em tudo o que viam. Minha vontade era de comprar todos.

Minha mãe me lembrou que ainda havia outras lojas a percorrer e que aquela era só a primeira de muitas, portanto, eu me apressasse, mas eu estava ali apenas para lhe fazer companhia.

Numa outra loja, um quadro imenso na parede, retratando a noite de garoa em uma rua central, talvez na década de 20, com as pessoas transitando entre os trilhos dos bondes e as casas com as janelas fechadas. A escuridão do céu demonstrava que o dia havia sido chuvoso, porém a iluminação do chão e dos guarda-chuvas anunciava que o horário ainda não estava tão avançado.

Nas outras lojas, meu fascínio aumentava mais, observando novas obras cada vez mais lindas. Belíssimos quadros, com as mais variadas expressões, diferentes estilos, mas todos retratando o melhor dos sentimentos daqueles pintores anônimos.

Pincéis de cerdas macias, tintas de diversas cores, técnicas pra cada tipo de arte, molduras que transformam telas simples em magníficos quadros e eu, cada vez mais encantada com o que via e pensando no por que não tenho esse dom?

Certo, cada um no seu quadrado. Não sou boa com tintas e pincéis, mas me viro na escrita e no raciocínio mais rápido. Mas bem que poderia ter um lado criativo, né? Ainda que só pra usar como terapia!

Após percorrermos todas as lojas e a missão das compras, finalmente cumprida, convidei-a pra almoçarmos no mesmo restaurante onde costumava ir todos os dias.

Encontrei por lá meus antigos colegas de trabalho e foi um reencontro muito bacana e as surpresas não pararam por aí! Ainda recebi um telefonema de uma amiga querida e que há algum tempo não nos falávamos, só pra saber notícias.

O dia ia se acabando e coisas boas continuavam acontecendo e por fim, este texto pra poder dividir com meus amigos.

Foi um dia e tanto e tive a felicidade de ter por companhia a figura doce e amiga da minha mãe. E não poderia ter sido melhor; não poderia ter tido companhia melhor!

Deus permita que muitos outros dias como esse aconteçam em minha vida e desejo que todos os filhos possam compartilhar dias e momentos tão agradáveis ao lado das pessoas que mais os amam na vida. Altamente recomendável!!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Quando o amor bate à porta

por Flávia Fernandes


Dona Joana é uma senhora que, de tão simpática, todo mundo adora.
Sempre sorridente e bem disposta, não economiza gentilezas, um afago e, com uma voz tranqüila e suave, tem sempre uma palavra carinhosa pra todos.
Encontrá-la quando estamos naquele “mau dia” é quase um alívio instantâneo, tamanha paz que ela nos transmite.

No alto dos seus 74 anos, professora aposentada e contadora de histórias, mora sozinha num apartamento simples, mas muito aconchegante e diz que não se importa em morar só, que chegou na velhice e não quer atrapalhar ninguém. Mesmo com a família discordando disso, ela diz que prefere não dar trabalho.

No apartamento em frente, mora Luisa. Uma simpática jovem de 27 anos, professora e apaixonada por pessoas idosas.
Luisa também mora sozinha e, diferente de dona Joana, sua família mora distante, restando à moça, a companhia dos amigos e vizinhos.

Logo ao mudar-se pro condomínio, Luisa conheceu a simpática dona Joana. A afinidade foi instantânea e, ambas ficaram muito preocupadas com o fato de a outra viver sozinha.

Moça de boa índole e zelosa com todos à sua volta, Luisa está sempre atenta às necessidades de dona Joana.

Há cinco anos dona Joana foi diagnosticada com um câncer de mama. Um tanto assustador, mas ela não se intimidou e foi enfrentar tudo com muito otimismo e vontade de vencer.

Luisa apoiou até onde foi possível, levando amparo, proteção, carinho e cuidando pra que nada faltasse a essa vizinha que, já se tornara sua avó de estimação.

Após a cirurgia, dona Joana hospedou-se na casa de uma das filhas, pra receber os primeiros cuidados tão importantes e necessários, porém, quando da retirada dos pontos, ela preferiu voltar pra sua casa.

Logo vieram as sessões de quimioterapia e dona Joana, novamente não queria incomodar ninguém, no entanto, Luisa não se fez de rogada e, por ter seus horários bastante flexíveis, tratou logo de organizar-se, a fim de acompanhar dona Joana em todas as sessões de quimioterapia, radioterapia e também nos exames de acompanhamento e consultas de rotina.

Dona Joana dizia que ela era uma moça valiosa demais, uma verdadeira bênção de Deus e, que sorte teria seu futuro marido, mas Luisa não pensava nisso, pelo menos naquela ocasião. Ela estava estudando, se aperfeiçoando e conquistando seu espaço profissional, coisa da qual ela não abria mão.

Mesmo assim, dona Joana dizia que ela precisava muito preocupar-se com esse assunto e, entre uma sala de espera e outra, contava-lhe sobre seus lindos netos, muito educados, bons moços e, melhor ainda, bons pretendentes!

Luisa ouvia a tudo e achava graça, enquanto dona Joana fazia a boa propaganda dos rapazes e aguardava o atendimento. E assim foi durante todo o tratamento.

Por volta de seis meses após o fim do tratamento, a vida já ia se ajeitando novamente e Luisa recebe um telegrama comunicando que ela havia sido selecionada para lecionar em um dos melhores colégios daquela região, depois de um processo lento e estressante.

Como dona Joana sempre lhe deu muito incentivo e torceu muito, Luisa foi levar a boa notícia à vizinha que ficou muito feliz e organizou uma pequena reunião entre os amigos da jovem e chamou seus netos, a fim de comemorar esse momento importante de sua vida, porém, pra tristeza da avó, os rapazes não compareceram.

Dois meses depois, num sábado pela manhã, Luisa é surpreendida com alguém tocando a campainha e logo pensou ser dona Joana, afinal não houve um anúncio da portaria e ela também não estava à espera de ninguém.

Ao abrir a porta, se surpreende ao ver um jovem bonito e sorridente que ao constatar que se tratava de Luisa, apresentou-se como Ricardo, neto mais velho de dona Joana.

Meio confusa e sem entender o motivo pelo qual Ricardo estava à sua porta, perguntou se algo havia acontecido com dona Joana e este lhe respondeu que não, que tudo estava bem com sua avó.

Depois de respirar aliviada, Luisa convida o jovem pra entrar e este, de forma bastante respeitosa agradece a moça. Um tanto sem jeito, ele a observa e, embora tímido diz à ela o motivo pelo qual tomou a atitude de procurá-la.

Reproduzo abaixo, exatamente as palavras que ele disse à Luisa naquela manhã:

- Luisa, vim te procurar hoje porque, na verdade, vim aqui pra conhecer a mulher da minha vida! Mesmo sem te conhecer, estou apaixonado por você, de tanto que minha avó já falou de ti!

Ricardo e Luisa estão casados há pouco mais de dois anos, moram no mesmo apartamento, de frente ao de dona Joana e ela, feliz por ser a grande responsável por esse amor tão bonito.


Esta história é real, preservados apenas os nomes dos protagonistas.
Quantas, semelhantes a essas não devem existir por aí, não é mesmo?
Quantos de nós não gostaríamos de viver um amor nessa plenitude, onde as aparências são menos importantes e que os sentimentos são valorizados?

Hoje, dia dos namorados, desejo que cada casal possa se unir ainda mais e o amor seja a base da felicidade, do bem viver e da união.

E viva o amor, na sua mais bela forma de ser!

Feliz dia dos namorados!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A vida é tão rara

por Flávia Fernandes


Segunda-feira pela manhã. Chego ao trabalho e, antes de começar minhas atividades, deparo-me com uma notícia horrível na internet: Avião que seguia do Rio de Janeiro com destino a Paris, desaparece dos radares. Havia 228 pessoas a bordo.

Confesso que não é a melhor notícia pra se começar a semana, mas também não dá pra ignorar tal acontecimento.

A primeira coisa que me passa a cabeça é um otimismo, ainda que falso, desejando que a qualquer momento tenha a notícia de que a aeronave pousou com segurança, que foi encontrada e que todos estão bem, mas as horas passam e a notícia não chega.

Em seguida, vem o pesar, o medo, a sensação de assistir a mais uma tragédia. Não sei quem estava a bordo, não são parentes, amigos, conhecidos (pelo menos que eu saiba), mas me dói igualmente. Foram 228 vidas, que sofreram juntas e que, algumas horas antes estavam felizes, cheios de planos.

Pessoas que estavam saindo de férias, pra curtir Paris. Um casal que seguia em lua-de-mel. Uma mulher que vivia na Alemanha, mas estava no Brasil de férias e nessa data, retornava pra casa. Empresários, funcionários, representantes de empresas, políticos, crianças, idosos, pilotos, comissários de bordo. Cada um com seus dilemas, com suas dores, seus problemas e tantos planos pra dali algumas horas, pro dia seguinte, pro próximo mês, pra viagem de volta.

A viagem de volta!
Viagem essa que teve um destino, mas foi interrompido e o destino agora é outro!

É triste e chocante ver notícias como essas e nessas horas, a gente lembra a fragilidade que é viver.
Como diz o ditado “pra morrer, basta estar vivo” e constatamos o quanto real e verdadeiro é isso. O quanto a vida é tão rara, como diz meu querido Lenine.

Ainda divagando sobre aqueles que estavam no avião, penso em quantas coisas eles podem ter deixado de fazer, postergando planos, projetos e tantas outras coisas em detrimento do dia-a-dia, sem sequer imaginar que poderiam fazer uma viagem sem volta.

As mulheres que abriram mão daquela deliciosa sobremesa depois da refeição pra não sair da dieta. Os homens que deixaram as férias para outra ocasião porque precisavam trabalhar mais, no intuito de fechar negócios importantes. Pais e mães que, pensando no futuro da família, mantiveram-se ausentes da companhia dos filhos, perdendo os melhores anos de suas vidas, enfiados no trabalho achando que isso é segurança e bem-estar.
Quantos ali haviam deixado de dizer uma palavra de amor, de carinho, um gesto de ternura na certeza de que haveria muito tempo pra que isso fosse feito.

O fim da viagem teve outro destino e muita coisa deixou de ser feita ou de ser dita. A vida não para, a vida é tão rara.

E se houvesse uma segunda chance? E se eles pudessem voltar no tempo e fazer coisas que haviam sido adiadas? E se fosse possível retroceder?
E se... nada mais pode ser feito, só nos resta pensar que poderíamos ser um de nós naquele vôo e agradecer a oportunidade de rever nossas vidas, as coisas que postergamos e nos dar uma nova chance.

Já que a vida não para, que pelo menos a gente possa parar um pouco. Largar os compromissos e se permitir estar entre os familiares, os amigos, os amores.
Já que a vida é tão rara, talvez seja esse o momento de repensarmos os rumos que traçamos, rever nossas rotas e se encaixar na marcha mais lenta que podemos dar nos traçados de nossas vidas.

Quanto àqueles que desencarnaram juntos no vôo, que eles tenham compreensão do que aconteceu, aceitação pra o que não é possível mudar e enxerguem as novas oportunidades.
Aos familiares, que sejam afagados por Deus pela perda dos entes queridos e à todos nós, que fique o pesar, mas acima de tudo, o grande aprendizado de que, de verdade, a vida é tão rara!

Meus sinceros sentimentos pela perda desses irmãos em Deus, que partiram no vôo com destino a Paris, mas que precisaram desembarcar no meio do caminho, pra uma viagem bem mais bonita, de encontro com Deus e que, tenho certeza, foram recebidas pelas Mãos do Pai Maior.

domingo, 24 de maio de 2009

A TPM : O poder dos hormônios na vida de uma mulher

por Flávia Fernandes



É inacreditável o poder que a TPM tem na vida da gente. Tornamos-nos verdadeiros monstros de um dia pro outro.
Vamos dormir bem, suaves, meiguinhas e acordamos uma verdadeira megera!!
Pior que é tão imperceptível que sequer conseguimos controlar essa coisa.

Dia desses estava nessa fase horrível. Não consegui contabilizar ainda os danos causados. Além da cara esburacada por um monte de espinhas, ainda fiquei inchada e chorona.

O primeiro sintoma foi a necessidade repentina de chocolate. Ai meu Deus, porque é que essa é a primeira coisa que pensamos em comer???? Não podíamos pensar em comer um pé de alface, hein?
Aí vem o inchaço na barriga e aquela barrinha inocente torna-se o nosso pior inimigo. O primeiro pensamento que vem é: maldita barra de chocolate: engordei!

O segundo sintoma: o choro!
Comercial de margarina a gente chora. Comédia romântica com final feliz e a gente tem o poder de abrir o berreiro como se estivéssemos no funeral de alguém muito querido.
Inacreditável a facilidade de chorar.

O terceiro – e mais perigoso – sintoma: a irritação!
Dessa vez acho que foi das piores (bem, sempre acho que essa vez foi a pior de todas!).
Estava no trânsito, parada, aguardando o sinal abrir. Estava na primeira fila e a faixa à minha direita estava livre, porque logo depois do sinal, haviam carros estacionados.
Só que um infeliz resolveu cortar todo mundo da minha fila e ir parar do meu lado, mesmo sabendo que logo em seguida teria de pedir passagem.
Ele resolveu ser mais esperto que eu, avançando mais rápido pra passar na minha frente.
O que o infeliz não tinha idéia é que eu estava na TPM! Coitado!!!

Meu carro é 1.8 e o dele, bem, o dele era uma Kombi!
A primeira coisa que pensei foi na famosa frase: perdeu, babaca!
O arranque do meu carro é a alegria da minha vida e emparelhei com o otário que continuava acelerando a kombosa à fim de me ultrapassar.
Quando ele viu que não tinha mais espaço, jogou a bicheira, digo, a Kombi pra esquerda, mas eu fiz uma das coisas que mais detesto no trânsito: meti a mão na buzina e ele teve de frear e voltar pra faixa dele. Segui em frente e feliz, quase festejando uma vitória na F1.
Ele seguiu atrás de mim e como eu sabia que ia entrar à direita, acelerei a ponto de ganhar boa distância dele, no intuito de não continuar com aquela atitude bem infantil e já antevendo que ele não estava a fim de ficar pra trás, principalmente atrás de uma pirralha como eu.
Bem, distância garantida e seta devidamente ligada, iniciei a curva e, qual não foi a minha surpresa, o babaca resolve buzinar na minha orelha.
Ah, pensam que fiquei pra trás? Óbvio que não, afinal, eu estava na TPM!
O vidro estava aberto e não tive dúvidas: coloquei a mão pra fora e, em destaque, o dedo do meio bem levantado, pra ele ver que mulher que é mulher não leva desaforos pra casa, principalmente se ela estiver na TPM.
Segui feliz da vida, dessa vez com a certeza de que havia levado a taça na F1. Com direito à musiquinha: tan-tan-tan, tan-tan-tan...

Bem, esse foi um dos milhares de episódios que ocorreram comigo em apenas 5 dias. Houveram outros, bem piores até, mas como isso tudo é muito feio, vou parar por aqui, pois voltando ao normal já, com os hormônios mais regulados, dou risada do que acontece e, mesmo assim, fico assustada com o poder que eles exercem sobre a gente.

Há de surgir uma fórmula mágica que vai ajudar as mulheres a pararem de sofrer com a TPM e, pra felicidade dos rapazes, continuaremos sendo meiguinhas em, pelo menos, 25 dias do mês, já que os outros, são inevitáveis!

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Mãe

por Flávia Fernandes


Ela casou-se muito jovem.
Cheia de vida, cheia de planos e com um futuro enorme à sua espera.

Menos de um ano depois, nascia sua primeira filha.
Marinheira de primeira viagem que era, enfrentou as dificuldades que começaram a surgir. Largou o trabalho para dedicar-se àquele ser tão dependente e que necessitava de sua atenção. Marido ausente, família distante, grana curta e uma responsabilidade enorme pra alguém que acabara de completar a maioridade.

Dois anos depois, com a situação ainda mais grave e uma quase separação, deu a luz à sua segunda filha.

Nascida de oito meses, pequenina e necessitando de cuidados redobrados naqueles primeiros dias de vida, teve a mãezinha zelosa, cuidando de tudo e dividindo a atenção com a irmã mais velha que buscava os olhos e cuidados redobrados de sua progenitora.

As dificuldades aumentavam, mas ela conseguia driblar os problemas, fechar a porta pros transtornos e fazer verdadeiros milagres pra enfrentar os percalços sem esmorecer.
Mães são obras divinas mesmo!

Dois anos depois, numa situação um pouco mais confortável e o casamento estável, veio sua terceira filha. Quanta alegria, depois de ter vencido tantos obstáculos. Família unida e feliz, filhas saudáveis e amadas; e a mãe orgulhosa de sua bela prole, agradecia à Deus pela bênção e oportunidade que tivera de ser mãe!
Filhos são presentes que Deus manda às mães!

Quatro anos mais tarde, para surpresa de todos, veio o garoto, o filho homem que a família tanto esperava, para dar continuidade ao nome, coisas de uma sociedade machista e que à época ainda influenciava um bocado.

A situação estava complicada. Não havia dinheiro pra pagar as contas, eram quatro filhos pequenos pra sustentar e um marido que se recusava a amadurecer.
Faltou o que comer, mas lá estava ela, meio mãe, meio alquimista, transformando o pouco que tinha em alimento pros filhos, não se importando em faltar a si própria.
À mãe, Deus atende seus pedidos em prioridade!

Três meses depois, seu pai faleceu, vitima de um câncer que o fez sofrer em silêncio. Vieram as mudanças de residência, de escola, de trabalho.
Apareceram novos problemas, os filhos cresciam rapidamente e a cada dia, tornava-se mais difícil viver sem esmorecer.

Dois anos mais tarde, sua mãe adoece e rapidamente também veio a falecer.
Sete dias depois, horas antes da missa da mãe, o filho sofreu um acidente.
O universo parecia conspirar contra. Todos os problemas rondavam a família e ela, tendo de ser o alicerce de tudo.

O marido estava sem emprego e a família foi morar de favor. Tempos duros e difíceis, mas ela encarava como um leão o que aparecia pela frente e manteve o equilíbrio da família, até quando faltou para si própria.

Nada disso foi suficiente pra manter o casamento e veio também a separação.
Agora estava ela sozinha, com quatro filhos pequenos, dependentes e necessitando do básico para sobreviver.

Novamente faltou o que comer e foi preciso compreensão, equilíbrio e muita fé, além da ajuda dos mais próximos para vencer mais essa batalha da vida, que parecia não ter fim e batia pesado cada dia mais.

A mãe pedia a Deus por uma luz pra entender e enfrentar todas as dificuldades, mas as respostas não vinham e, enquanto isso era preciso um esforço imenso pra conseguir alimentar os filhos pequenos.

A filha mais velha precisou ir trabalhar cedo, antes de concluir os estudos e a mãe, trabalhando de sol a sol pra garantir o sustento da família. Assim também foi com os outros filhos, conforme iam chegando na idade de poder trabalhar fora e assim, colaborar com as despesas de casa.

Muitos anos depois a situação era outra completamente diferente. Filhos criados, tomando as rédeas de suas vidas e a mãe feliz com a missão cumprida.

Essa poderia ser mais uma história comum, de uma mulher batalhadora que enfrentou muitas coisas na vida e que venceu as dificuldades com bravura, mas é muito mais que isso: essa é a verdadeira história da minha mãe.

Guerreira, valente e determinada, não mediu esforços pra batalhar pela felicidade dos filhos. Sofreu por eles, chorou e venceu cada dificuldade, tornando-se cada dia, uma pessoa melhor e vencedora.

Não mediu esforços pra nos ensinar sobre amor, respeito, virtudes, educação e união.
Matava um leão por dia pra manter os filhos no caminho do bem e mesmo nos momentos em que tudo poderia despencar, ela encontrava mais força pra vencer novamente.

Ela é o exemplo mais puro do amor incondicional que a mãe sente pelo filho.
Ela é luz, é amor, é guerreira, é exemplo. É força, é fé, é equilíbrio.
Acima de tudo, é a minha mãe, a pessoa que mais amo e admiro na minha vida.

Mãe, essa é a minha mais singela homenagem a você, que é a melhor pessoa que conheço na vida e me orgulho muito de chamá-la de Minha Mãe!

Feliz todo dia das mães. Obrigada pela oportunidade de me dar a vida várias vezes!
Que Deus continue te abençoando e te segurando pelas Mãos, como sempre fez!

Ah, saúde, paz, amor e bênçãos à todas as mães do planeta!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um feriado pra ficar na memória

por Flávia Fernandes


O dia amanheceu nublado, cinza, tristonho, tal qual estava meu coração.

Rio de Janeiro, terça-feira, 21 de abril de 2009. Feriado de Tiradentes e eu estava me despedindo do feriadão, na cidade maravilhosa.

Cheguei na sexta a noite, com um céu estrelado e uma lua fantástica iluminando tudo e as luzes artificiais, clareando a beleza dessa terra que é linda.

Lá do alto, o Cristo Redentor com seus braços abertos, todo iluminado e a cabeça um pouco inclinada pra baixo, me dava as boas-vindas, tendo à sua volta o brilho do luar e das estrelas no céu.

No solo uma amiga à minha espera. Recebeu-me com um caloroso e emocionante abraço, daqueles que trocamos quando temos a oportunidade de matar as saudades e que brotam lágrimas nos olhos, de felicidade, de emoção, de um carinho imenso.

Com uma noite quente e uma brisa deliciosa, respirei profundamente, deixando que todo o ar dos pulmões circulasse, recebendo aquele cheiro de mato, misturado com o do mar, cheio de natureza e a alegria por estar novamente num lugar que me identifico como se fosse filha daquela terra. Estava feliz! Era o Rio, me recebendo de novo e saudando a minha chegada.

Sentamo-nos em um bar pra beber um chopp e colocar as conversas em dia. Deus, havia tanto por dizer que era capaz de virarmos a madrugada ali, naquele ambiente propício a um bom bate-papo, falando e falando e falando, mas era só o primeiro dia.

Sábado amanheceu com um céu que mais parecia uma pintura, mas de fato era uma pintura, desenhada pelas mãos do Criador. Que espetáculo! Um sol brilhante e quente, que iluminava a cidade e colocava sorrisos nos lábios de todos, como mágica, me dando a certeza de que eu realmente precisava estar ali.

Fomos à praia. Por todos os cantos, eu avistava o Redentor, observando a tudo e a todos e aquilo enchia meu coração de ainda mais paz. Um cenário lindo e perfeito, daqueles que inspira. Um mar verdinho, límpido, os peixes passeando entre os banhistas e os surfistas driblando as ondas, com seu jogo de cintura perfeito. O cheiro da maresia, o sol e à minha frente os Dois Irmãos, sempre unidos. Alguns aventureiros sobrevoavam aquelas duas montanhas quase gêmeas, desligando-se totalmente do mundo, com uma sensação invejável de liberdade, como se aquelas asas fossem suas e não artificiais.

O dia prometia ainda mais alegrias. Depois da praia, era hora de encontrar os amigos. Cumprir os compromissos que haviam sido agendados, propósito disso tudo. Um passeio pelo centro do Rio de Janeiro que é a história vivida em cada quarteirão e a sensação de estar em casa, com o coração em paz e feliz pela nova oportunidade.

Um encontro memorável que durou horas, entrou na madrugada. Muita alegria, muita festa, assuntos calorosos e a boemia fechando a noite, na bela Lapa, local de onde muitos artistas saíram pra ganhar o mundo da fama. O sábado se foi, mas ficará guardado pra sempre no coração e nas fotos que registraram tal momento.

Domingo pulei cedo da cama, pois queria aproveitar um pouco mais das belezas e o sol me chamava pra curtir esse dia tão família. Fui conhecer a Lagoa Rodrigo de Freitas. Fiquei embasbacada com tamanha beleza. Jamais imaginei que fosse tão bela, tão formosa. E que paz ela transmite! Eu poderia ficar ali, diante daquela beleza por horas, sem pensar em absolutamente nada e estaria feliz.

De lá, fui encontrar uma amiga muito querida e amada, que não via desde o ano passado, mas que sempre é uma grande alegria encontrá-la. Fomos passar o resto do dia em Niterói. Na ida, observava ao fundo uma cidade iluminada pelo astro rei, que sorria feliz para aqueles que foram ao seu encontro.

Mas beleza mesmo, tive a felicidade de ver na volta. Da ponta da ponte, observo ao fundo, próximo do Pão de Açúcar, um céu com cores jamais reproduzidas por qualquer pintor, num dégradé extraordinário que jamais me sairá da cabeça. Era o sol, se despedindo do domingo, pra nascer em outros continentes bem distantes do nosso, mas deixando registrada a sua marca.

Meus amigos disseram que eu realmente estava recebendo um presente divino, pois tantos anos de Rio de Janeiro, eles nunca haviam visto uma beleza tão extraordinária. Quanta emoção! Os olhos marejaram novamente e eu agradeci outra vez a beleza, a oportunidade e meus olhos, por poderem ver uma cena tão rara e perfeita da criação.

Domingo foi dia de futebol. Corinthians jogando em São Paulo e Flamengo jogando no Rio. Meus dois times prediletos estavam em campo disputando partidas importantes. Meu coração pulava a cada lance. Em São Paulo, meu Corinthians ganhou, mas eu estava distante e sem muita emoção pra festejar, embora muito feliz. No Rio de Janeiro, o Flamengo ganhou também, mas o mais impressionante foi sentir a cidade vibrar no momento do gol. O Rio balança, o Rio treme, o Rio grita “gol” em uníssono. Impressionante, emocionante.

Encerrei o dia à beira da Lagoa, ouvindo chorinho, bebericando chopp e apreciando petiscos. Não havia em meus pensamentos qualquer preocupação, qualquer dor. Não havia saudade, não havia medo, nem perspectivas. Somente a paz que meu espírito estava envolvido naquele momento e experimentando uma sensação de liberdade, altamente necessária pra uma sagitariana. A Lagoa virou, definitivamente, meu refúgio de paz. Lá se foi o domingo e eu, adormeci feliz.

Segunda-feira novamente madruguei pra aproveitar cada instante do feriado que ia se aproximando do fim. Escolhi meu refúgio predileto pra iniciar o cenário perfeito de um dia que certamente ficará nos escaninhos da minha memória.

Fui correr em volta da Lagoa. 8 km de pura beleza e mais uma vez, ganho de presente uma visão maravilhosa: Lá no alto, o Redentor com os braços abertos e o sol bem pertinho, fazia faixas de luz por entre os braços do Mestre e no chão, nos galhos de uma árvore bem verde, uma arara azul exibia-se linda para os caminhantes. Quanto mais as pessoas paravam pra observá-la, mais graça ela fazia. Cantava, andava de um lado pro outro do galho e a cada foto, uma nova pose de uma ave que parecia entender tudo o que se passava. Nas filmagens, ela cantava, ela se exibia e mostrava que estava ali pra aparecer mesmo.

Sentei-me embaixo de uma árvore, quase de frente pro Cristo e, com os olhos pro alto, chorei agradecendo as bênçãos. Foram muitas em minha vida!

Naquele lugar maravilhoso, acho que foi onde mais me senti perto de Deus. A natureza me presenteava a cada instante, com imagens, sons de pássaros, barulho das águas. Que paz indescritível eu senti e como eu gostaria de poder dividir isso com todas as pessoas. Os olhos ainda marejam com as cenas que me voltam à memória.

Depois de muito agradecer, fui descarregar de vez as energias no mar. Aquela areia branquinha, refletindo a luz de um sol que esquentava a 33 graus. O mar ainda mais limpo e calmo. As ondas passeando entre as pernas dos banhistas. As gaivotas com seus vôos rasantes em busca do alimento e eu ali, como expectadora de um espetáculo inebriante.

O falatório dos turistas sequer atrapalhou meus pensamentos. Por alguns momentos me senti sozinha naquele cenário iluminado, pois não ouvia nada, não via ninguém. Meus pensamentos voavam longe e meus olhos percorriam hora o mar, hora as montanhas, hora os pássaros e embora eu parecesse solitária, estava em paz, com Deus no coração e com meu espírito livre, distanciando-se e me mostrando que não há limites para a felicidade, para o amor, para a liberdade.

Houve trilha sonora. Em minha mente, cada cena merecia uma música. Na vitrola do meu coração tocou Tom Jobim, Vinícius de Moraes, João Gilberto, Marina Lima, Cazuza, Tim Maia, Gonzaguinha, Elis Regina, Toquinho, Lenine (“Se escreveu, remeta”), João Bosco e muitos outros que cantaram as belezas e as mazelas da vida com uma arte maravilhosa que ficará pra posteridade e serão cantadas em muitas outras ocasiões, mas que me remeterão pra esse fim de semana, pra sempre.

Horas depois, retorno pra um novo reencontro e novamente houve alegria, emoção e um bate-papo que durou muitas, muitas horas e incontáveis palavras jogadas ao vento. Emoções, sentimentos, paz, conselhos e a alegria encerraram com muitos planos a segunda-feira que será inesquecível.

Terça-feira era o dia de voltar pra casa, pra realidade e deveria ser perfeita, pra fechar com chave de ouro, mas alguma coisa aconteceu: o dia chegou cinza, nublado, com ares de chuva e frio.

O Redentor estava escondido entre as frias nuvens que encobriam a cidade. Na rua as pessoas usavam agasalhos e corriam apressadas pra fugir da chuva que se aproximava. Não houve praia. Iniciamos o dia de outro jeito, mudando os planos. Primeiro a leitura do tarô, mostrando que tudo anda bem e que só preciso arrefecer nos momentos de muita euforia, manter os pés no chão e a vigilância constante; trabalhar a espiritualidade, pois chegou o momento disso.

Em seguida fomos caminhar no Jardim Botânico. Fui coroada com uma chuva fina que veio pra abençoar a caminhada entre as árvores e exalar o cheiro do verde, da mata atlântica que está lá, preservada. Alí, definitivamente encerrei meu fim de semana, sentindo-me em profunda paz de espírito, com o coração feliz e a alma cheia de uma leveza impossível de ser descrita. Senti-me em casa, filha daquele solo sagrado.

Envolvida entre as minhas maiores paixões: arte, história, política, amigos, natureza e paz, foi essa a história do fim de semana inesquecível.

Despedi-me, com o coração num misto de felicidade, paz e tristeza por estar indo embora. Embarquei e nesse instante, uma chuva forte caiu. Era o Rio de Janeiro, chorando a minha despedida. Do lado de dentro da janela, as minhas lágrimas caíam junto, agradecendo as bênçãos, mas juntando-se às águas que vinham do céu.

Rio, eu choro com você e te agradeço por me receber sempre, com tamanha alegria.


Flávia
22/04/2009

domingo, 3 de maio de 2009

Pra você que não veio

por Flávia Fernandes


Foram apenas dois meses. Exatamente 8 semanas, no entanto nós já te amávamos de uma forma muito intensa, incondicional.

Já imaginávamos seu rostinho, seu jeitinho lindo. Desenhávamos em nossa mente a sua imagem, a sua personalidade.

Se pareceria mais com a mamãe ou com o papai? Seria calmo ou chorão? Engraçado ou mais fechado? Muitas eram as indagações, mas você já era como nós queríamos que fosse.

Eu, em meu papel de tia, queria um garoto – sim, eu sempre espero pelos meninos – pra mimar, pra fazer aquilo que os pais não permitem. Coisas como levar pra passear, encher de chocolates, balas e refrigerantes, contrariando às milhares de recomendações maternas.

Queria te levar pro parque, pra praia, pro mato. Queria te levar pra dormir em casa no fim de semana e brincar de guerra de travesseiro, de pular no colchão, de te arrastar no tapete pela casa, como se fosse carrinho e ouvir sua risadinha deliciosa.

Ouvi em minha cabeça milhares de vezes em que sua mãe ralhava comigo por fazer tudo errado, por mimar você e te vi correr pra mim, buscando a asa protetora da titia que te defende de todos os males do mundo, como o alface, a ervilha, o arroz com feijão, o bife de fígado, o castigo pelas suas artes, a escola e todas as chatices que existem.

Sonhei em te carregar nos braços, sonhei em brincar com você no chão, em jogar futebol, em dançar uma dança bem esquisita e em inventar palavras divertidas pra rirmos muito e depois, te ver dormindo como um anjo, cansado porém feliz. Feliz por ser amado, por ser desejado e por modificar completamente a vida da família.

Sim, você foi muito amado e muito desejado.
Te amamos tanto que nem é possível verbalizar, mas acredito que você sentiu e sabe a dimensão disso, mas infelizmente você não veio e todos esses sonhos calaram dentro do peito. O som das risadas abafou. As lágrimas e a tristeza substituíram a alegria e a expectativa frustrou os sonhos.

Veio a decepção, a dor e o famoso “por quê?”. Veio a angústia e o procedimento médico-hospitalar que fere de forma cruel, mas que é necessário.

Por esses dois meses, que passaram rápido mas que foram intensos, conversei diariamente com Deus, pedindo bênçãos e luz pra você e acredito que essa luz foi tão intensa que você, sabido que é, escolheu permanecer no mundo em que está à salvo dos perigos mundanos.

Acho que você puxou a titia! Escolheu continuar num mundo muito melhor que este em que vivemos, cheio de dramas, de perigos e de inconstância.

Particularmente acho que o lado de lá é muito melhor, é onde existe a felicidade e onde não precisamos de uma série de coisas que aqui são necessárias pra viver. Lá não precisamos viver em busca da felicidade porque é lá que ela reside e então eu compreendo a razão da sua escolha.

Não acho que não estivesse preparado pra estar aqui e muito menos que tenha desistido, mas entendo se acaso a escolha tenha sido sua, afinal o lugar em que você mora é infinitamente melhor.

Só quero que saiba que você continua sendo muito amado e muito desejado e, quando quiser vir, estaremos todos aqui esperando pra te receber com o mesmo amor, o mesmo carinho e com ainda mais planos pro seu futuro.

Continuamos pedindo pra Deus te abençoar e te proteger. Emanamos nossas melhores vibrações e preces, pra que sejam recebidas por você em forma de luz e que isso tudo te ajude a se fortalecer ainda mais.

Por enquanto, você continua sendo um anjo lindo, iluminado que olha e zela por nós que aqui estamos.
Em breve, estará entre nós, trazendo essa luz e sua graça, enchendo nossa família de mais amor e nos ajudando a crescer e nos melhorar.

Sei que deve ser difícil livrar-se das asinhas angelicais e vir pra cá, tornar-se um de nós, um igual, um mero mortal, mas pra um anjo não deve ser assim tão doloroso, pois sabe em qual missão estará a caminho e, mesmo que estando em um corpo material, continuará exteriorizando o anjo que hoje habita o mundo dos espíritos.

Nós te amamos, meu menino, meu anjo amado e esperamos por você aqui, na hora em que o nosso Pai Celestial achar que deve ser!

Esperamos por você!

Titia Flávia
07/04/2009

quinta-feira, 30 de abril de 2009

O Lado de Lá

por Flávia Fernandes


Há muito tempo tenho conflitos com meus sentimentos e não sei explicar o que é.

De noite estou bem, aí levanto com meu coração oprimido, uma tristeza grande, uma vontade de chorar inexplicável e sem motivo e com a sensação de prisão, de falta de liberdade, de jaula ou algo do tipo. Difícil descrever. A vontade é de ter asas e voar pra longe, pro desconhecido.

Certa vez, ao passar o dia assim, descobri que isso era saudade. O problema era esse: saudade de quem? De quê??

Vou seguindo a vida e convivendo com isso, vez ou outra.

Uma noite tive um sonho muito agradável, do qual pude me lembrar com detalhes. Todos os envolvidos eram pessoas que já não faziam mais parte deste mundo. Todos já estavam desencarnados. O mais interessante é que a grande maioria deles eu sequer conhecia, mas sabia que não viviam mais aqui e que eram amigos de longa data.

Quando acordei, aquela tão conhecida sensação estava instalada em meu peito e então interpretei essa saudade, como a saudade do lado de lá, daqueles que já não estão mais aqui!

Uma vontade imensa de estar lá e não aqui, pois lá eu estava em paz, aqui pra mim, não passa de uma prisão, em que meu espírito vive em conflito, tendo de cumprir uma missão e me deixando maluca, por achar que estou longe de conseguir ajudá-lo com isso e ele, se rebelando por essa prisão, já que tenho certeza de que todo espírito é livre, mas o meu está preso em mim.

Não que a vida seja ruim, mas nos cobra demais, nos dá muitas responsabilidades e nos torna escravos da sociedade e das obrigações que temos a cumprir e acho que é isso que me faz sentir ainda mais presa.

Há alguns meses a vida me presenteou com uma amizade muito bacana e que me deixou feliz em ver o quanto de coisas comuns nós temos.

Certa vez conversando, minha nova amiga me disse que freqüentemente passava por um aperto no peito e contou que tem essa sensação de saudade do lado de lá. Fiquei impressionada de saber que não era a única e ainda descobri muitas outras pessoas com o mesmo sentimento. Aliás, isso não é privilégio de ninguém, pois acredito que todo aquele que seja mais espiritualizado, doutrina seu espírito e consegue sentir no corpo, aquilo que ele sente.

De uns tempos pra cá, essas sensações ficaram mais intensas. Em minhas preces, venho pedindo ajuda, pois não estou sabendo lidar com isso, o que é péssimo não só pra mim, como para meu espírito também. O problema é que nem sempre consigo interpretar as respostas e isso me tortura as vinte e quatro horas do meu dia.

Hoje resolvi sentar, ouvir uma música suave pra relaxar e me deu uma vontade imensa de escrever – coisa que deixei de fazer há anos.

Ao começar a colocar essas palavras no papel, ouvi minha intuição dizendo que deveria me encorajar a conversar com meu amigo espiritual. Fui deixando a paz dominar meu coração e ouvi que isso tudo é algo do qual não é possível controlar.

Ouvi que o espírito não é livre, mas não é totalmente preso. Que nos desdobramentos ele pode sair e se esta oportunidade apareceu, que eu saiba aproveitá-la da melhor forma possível, pois ele está passeando e indo ao encontro de amigos e companheiros de outras jornadas.

Se essa saudade existe é porque há do outro lado bons amigos, que sentem prazer em estar comigo e a cada visita, a cada reencontro, em cada abraço a alegria é maior e a vontade de estar junto deles aumenta. Porém, não devo esquecer de que aqui há uma vida a viver, uma missão a cumprir e que eu não me engane, pois nada vai mudar quando eu estiver de volta, ao lado de lá.

Aqui também deixarei outros espíritos de boas afinidades e ao estar lá, terei a oportunidade de reencontrá-los em situações diferentes e sentirei a mesma saudade.

Devo dar ênfase ao aprendizado, me melhorar como pessoa e buscar minha evolução, sempre lembrando que há uma eternidade pra isso, mas que, quanto melhor nos tornamos, mais tempo teremos o merecimento de estar do lado de lá!

A saudade existe e é grande, mas a vida está acontecendo e não pode ser deixada de lado, enquanto o peito chora oprimido. Tem muita vida aqui neste mundo e uma eternidade me esperando do lado de lá!

sábado, 25 de abril de 2009

O Recomeço

por Flávia Fernandes



Sempre fui apaixonada pela leitura e tenho certeza de que isso me ajudou muito a escrever.

Juntar letras e formar palavras, brincar com elas de forma a virar frases que se tornam textos. Isso é pura arte, outra paixão que aprecio.

Arte, história, música, criatividade... Misturando tudo isso e mais a minha total sinceridade e respeito aos meus sentimentos, conseguia colocar no papel aquilo que era difícil falar. Era terapêutico!

Textos apaixonados, confissões que jamais ganharam sons e cartas que nunca foram remetidas, estiveram no papel. Este vencia a timidez e era o meu maior companheiro.

Por um tempo resolvi parar. Muitas coisas mudaram e deixei o jogo das palavras sumir do papel. A inspiração acabou e de certa forma, isso não me incomodou. Acomodei-me, eu acho.

Voltei a ler compulsivamente. Despedi-me dos livros técnicos, dos manuais, da lógica e voltei a dedicar o tempo livre ao lazer, neste caso, os livros.

Um dia me sentei pra esvaziar a cabeça dos problemas e preocupações. Coloquei uma música suave, abri um livro e elevei a alma. Veio a inspiração pra escrever.

A mão, o lápis e o papel: combinação perfeita, aliados à criatividade e inspiração e quando menos esperava, surgia um texto tocante, cheio de sentimento, de verdade e sinceridade.

Agora, tudo é motivo pra desenhar as palavras. O dia-a-dia sempre apresenta um contexto vibrante que se desenrola em algo poético. As palavras vêm do coração, da saudade, do tropeço, da luta, da alegria, da tristeza, da dor.

Voltei a fazer a brincadeira das letrinhas. Passeando o grafite no papel, tal qual faz um pintor com seu pincel diante de uma tela, que sabe onde começar, mas não tem idéia de como vai finalizar, vou fazendo também minha pintura em forma de textos e criando o enredo que vai terminar pra agradar, surpreender ou simplesmente achar que poderia ficar melhor.

Quando isso tudo começou, não tenho idéia, embora saiba que faz muito tempo. Lembro-me como e os motivos - que permanecem escondidos e envergonhados – de ter parado, porém o recomeço se deu há pouco e espero que permaneça.

A brincadeira das palavras vem de acordo com o estado de espírito, por isso alguns textos parecem alegres e outros bem tristes, mas o respeito pelos sentimentos faz com que o jogo não termine e que no final, seja tocante, emocionante ou surpreendente.

Ao som de Vilarejo, na voz de Marisa Monte ao fundo enquanto estou escrevendo, inauguro este blog.

“Portas e janelas ficam sempre abertas pra sorte entrar”

Bem-vindos!