quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Obrigada, Sr. Presidente!


Final da década de 70 (época que o Brasil não tem orgulho de lembrar), minha mãe tinha 4 filhos pequenos e vivíamos com muita dificuldade financeira.

Eu e minha irmã mais velha, praticamente íamos pra escola pra poder comer e a noite, minha mãe nos mandava brincar na casa dos vizinhos, pra que tivéssemos a sorte de poder jantar.

Muitas vezes fui à padaria com o dinheiro contado do pão, mas voltava pra casa com o pão e o dinheiro. Não me envergonho de contar isso, mas também não tenho nenhum orgulho. Era bem pequena, disfarçava entre os adultos que rodeavam os balcões e saía de fininho, salvando mais um dia em que tinha o que comer e poderia ter novamente, no dia seguinte.

Aos nove anos, colocava minha mesinha de brinquedo na porta de casa e vendia papéis de presente que minha tia comprava na 25 de Março, em épocas festivas, aos trabalhadores da editora de jornal que havia na frente de casa e que não tinham tempo de sair pra comprar.

Aos 14, vendia perfume, batom, cremes e bijouterias para as amigas de escola, podendo ajudar nas despesas de casa. Aos quinze eu já trabalhava com registro em carteira.

Em 1989, contava eu com 16 anos e o Brasil voltaria a escolher o presidente por voto direto. Melhor que isso: com 16 anos, eu também poderia votar!

Fiz questão de tirar meu título pra votar no Sr. O único homem que eu achava que poderia ajudar a mudar a vida que levava.

Otimista ao extremo, sofri quando o resultado não foi o que esperava. Tive muitos sonhos frustrados naquele instante e via, principalmente, o sonho da faculdade cada dia mais distante.

Ingressei na faculdade no mesmo ano em que o Sr. Recebeu seu diploma de Presidente da República. Que orgulho eu senti do Sr. e de toda uma nação que, finalmente, dava a chance pro operário governar para todos e não apenas pra minoria, como era desde sempre.

Hoje, presidente Lula, 8 anos após o início do seu mandato, o país mudou, melhorou. O filho do pobre pode ter curso superior, pode ter carro, casa própria, trabalho digno, viajar de avião, ter acesso à cultura, ao lazer e, principalmente, não falta mais o alimento à mesa!

Por esse motivo, Sr. Presidente, é que nesta data, no último dia do seu mandato eu quero lhe dizer: Muito Obrigada!

Obrigada por não permitir que hoje, outras famílias passem pela mesma situação que a minha passou naquela época. Obrigada por mostrar que seu sonho era possível e por ser tão humano!

Obrigada por fazer deste país que tanto amo, um país para todos e não apenas para uma minoria. Obrigada por nos dar orgulho de ser brasileiros, por chorar de emoção com cada lágrima sua, por te admirarmos mais a cada quebra de protocolo, por estar perto do seu povo, por falar a nossa língua, seja dentro ou fora do Brasil.

Obrigada, Presidente, por obedecer à dona Lindu e teimar. Não fosse por sua teimosia e persistência, nada disso hoje seria possível.

Recuso-me a dizer adeus! No máximo um “até breve”, pois adeus é muito distante e acho que, nem eu e nem o povo brasileiro, saberá daqui por diante, viver longe de ti, que foi o melhor presidente de toda a história do nosso país.

Obrigada presidente, muito obrigada por tudo de bom que o Sr. fez por nós.

Que Deus o abençoe em todos os dias de sua vida e que seja uma vida longa!

Talvez o Lula jamais leia essas minhas palavras, mas fiz questão de registrar aqui, pra que todos vejam o orgulho que tenho de poder chamá-lo, carinhosamente, de “meu presidente”.

Feliz ano novo! Feliz vida nova! Feliz Brasil novo!


terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que dizem os espíritos




Prece de um humilde


Dá-me, Senhor, o equilíbrio de que necessito.
Alivia a dor que se instala em meu coração, se for de meu merecimento.
Auxilia-me nas horas de angústia, não me deixando perder a fé em ti.
Que eu não ofenda jamais aos meus irmãos, mas se vir a ofender, que eu tenha a humildade de saber pedir perdão.
Se eu for ofendido, que saiba perdoar. Que eu pratique o perdão, ensinado por Jesus, em todos os dias da minha vida.
Que eu tenha, Senhor, o suficiente para mim, e um pouco a mais para dividir com meu próximo, que necessite mais que eu.
Olhai, Senhor, por aqueles que são mais necessitados e olhai, também, por aqueles que estendem suas mãos com humildade e desprendimento ao próximo.
Que eu tenha compreensão das coisas que passam por minha vida e que não posso modificar, mas que necessito viver.
Que eu não perca, jamais, a minha fé e que, principalmente, eu possa levar a Tua palavra para meus irmãos, Teus filhos.
Que me mantenha humilde, para aprender cada dia mais e merecer, algum dia, alcançar esferas mais altas da espiritualidade.
Abençoai, Senhor, meus irmãos, os espíritos amigos e o nosso Planeta.

Que assim seja...

Segunda-feira, 29 de novembro de 2010.

Psicografado por mim e ditado por um espírito amigo, no C.E. Santuário da Paz, SP



Meus irmãos, neste momento em que o nosso planeta passa por transformações e guerras - guerras essas que já eram previstas, já estavam "escritas" - pedimos que orem com fé, com amor e com confiança em dias melhores.
Pedimos que não tenham medo, mas que confiem em Deus, nosso Pai.
Essas transformações se fazem necessárias nesse momento, em que muitos irmãos deixaram de ter fé, já não ouvem mais de seus pais a palavra de Deus em seus lares; Muitos desconhecem o significado de lar, de família, de amor, de caridade, de Deus.
O planeta vive um momento em que o TER é mais importante que o SER e é por isso que o homem vem guerreando com outros homens, com Deus e com ele mesmo.
Por isso pedimos, irmãos, que orem, que tenham fé, que espalhem amor, perseverança e otimismo e, jamais o ódio. É o que Deus espera de cada um de vós.
Oremos, irmãos, pelo planeta, por aqueles que não têm fé e, principalmente, pelos dirigentes das nações, para que cada vez mais, evitem as guerras e cultivem a paz entre os povos.
A transformação ainda vai levar muito tempo na terra e só terminará quando todos os irmãos se unirem por um bem maior.
Que Deus os abençoe à todos e que cada um, leve desta casa, muito amor e muita luz da seara maior.

Psicografado por mim e ditado por um tarefeiro da Seara de Deus.

Segunda-feira, 29 de novembro de 2010, no C.E. Santuário da Paz, SP

sábado, 12 de junho de 2010

Meu jeito de dizer que te amo

por Flávia Fernandes

Sou Sagitário, ascendente em Áries com lua em Leão. Pra quem não entende absolutamente nada de horóscopo, eu explico: os 3 signos do zodíaco são do elemento fogo, ou seja, eu sou fogo! rsrs

Em princípio isso pode não significar muito, mas é pior do que se pode imaginar. Isso porque tudo em mim é intenso, é exagerado, é ardente, é imediato, é incondicional, é passional.
Eu amo sem limites, sem pudores, sem vergonha!

Sou do tipo que não basta apenas dizer que amo, preciso demonstrar, preciso enfatizar.

Há alguns anos, numa das inúmeras tentativas de mostrar o quanto eu amava, fiz uma pequena brincadeira, juntando pistas pela casa, pra que ele encontrasse o “grande tesouro” no final. Coloquei a primeira pista na maçaneta da porta de entrada da casa, pra que ele visse assim que colocasse a chave:

- Amor, tenho um segredo muito forte pra te contar. Siga até a porta do armário da cozinha.

- Mas não tenho coragem... procure em cima do fogão.

- Ai, eu estou com muita vergonha. Olhe dentro do microondas.

- Eu conto, mas antes vá até a lavanderia e veja em cima da máquina de lavar.

- Olha, é o seguinte: veja atrás do quadro da sala.

- Como eu ia dizendo, procure perto da TV.

- Ainda não... Melhor ir até o vaso da mesa de jantar.

- Você está ficando nervoso? Veja embaixo do aparelho de telefone.

- Não fique nervoso. Olhe no vaso da plantinha.

- Não sei se você vai entender, pois então, veja a gaveta dos cd’s.

- É tão simples, mas se quiser saber, veja o espelho do banheiro.

- Você ainda não sabe? Veja o frasco do meu perfume (isso estava grafado em batom, no espelho!).

- Vá até o armário quarto de vestir que você saberá com calma!

- Gostaria de te contar, mas veja embaixo do tapete.

- Você está com pressa? Veja atrás da porta.

- Você está cansado?? Reaja, por favor! Veja o monitor do computador.

- Você não está entendendo. Olhe atrás da porta do meu quarto.

- Mas você está quase sabendo... Veja embaixo do aparelho de DVD.

- Agora sim, eu conto!! Olha, procure embaixo do meu travesseiro, mas com calma, tá?.

- Só queria te dizer que EU TE AMO! (Aqui havia um cartão do tamanho do travesseiro com os seguintes dizeres: A medida do meu amor é te amar sem medidas. E quanto mais exagerado, melhor!)


Essa foi uma das inúmeras vezes em que tentei demonstrar meu jeito de amar sem limites e de dizer "Te Amo".

Há muitas histórias, muitas cartas, muitas mensagens, surpresas, brincadeiras, torpedos e até bandas de música, mas isso fica pra um próximo post!

É isso aí gente. Não importa o quanto criativo vocês sejam, importa demonstrar, muito mais do que apenas dizer. Aproveitem esse clima de dia dos namorados e digam que vocês amam. Seja para os pais, os filhos, os amigos, para seus parceiros ou simplesmente pra um próximo, porque amar e ser amado é um remédio contra quaisquer males do mundo!

Feliz dia dos namorados!!




Deixo aqui também um vídeo com a música que eu considero a maior declaração de amor que alguém já pode ter dito. Só pra variar, Chico Buarque!



Este texto está participando do Concurso Literário do Espaço Aberto


E se você gosta de lindas hiastórias de amor, deixo aqui um outro texto, do dia dos namorados do ano passado. Confira!

domingo, 30 de maio de 2010

Eu tinha apenas 6 anos

No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido (João e Maria, Chico Buarque)


por Flávia Fernandes


Era São João e estávamos na casa da vovó. Meus pais e meus irmãos, meus bisavós, meus avós, meus tios e todos os primos. A farra estava garantida.

No quintal, uma fogueira muito bem cuidada pelo meu tio que mantinha a garotada há uma distância segura.

Na cozinha, o milho estourava na panela e aquele aroma delicioso de pipoca invadia o ambiente, fazendo com que nos colocássemos em fila, mas enlouquecendo a vovó que não dava conta de servir a todos. Havia ainda a espiga de milho, o pinhão e o quentão.

As bandeirinhas faziam um cordão trançado no alto e algumas também enfeitavam a casa. Música, todos falando juntos e ao mesmo tempo, muitas risadas, muita brincadeira e, claro, muitas peraltices.

De repente uma tia inventa de improvisarmos uma quadrilha, mas antes era necessário que virássemos os caipirinhas. E lá foi ela nos transformar em caipiras, fazendo o que era possível.

Meu tio resolveu registrar alguns momentos da festança e, me lembro como se fosse hoje, dele me ver andando pelo quintal e me chamou, pedindo pra eu fazer uma pose pra foto. Não sei porque eu estava com duas colheres na mão, mas a primeira coisa que me passou pela cabeça foi bater uma na outra, como se houvesse som nos retratos. Fiz uma careta e essa foi a foto mais comentada.

Faz muito tempo. Eu tinha apenas seis anos. Nesse tempo não conhecia a saudade, a tristeza, a angústia. Nesse tempo visitávamos a vovó nos finais de semana e nos reuníamos com os primos pra brincar, pra aprontar e éramos muito felizes.

Hoje, tanto tempo depois, muitos deles já partiram. Os primos casaram, tiveram seus filhos e a vida é bem diferente daquela época, mas temos a felicidade de olhar o álbum de fotos e nos deparar com esses momentos, que ficaram registrados no papel, mas, principalmente no coração.

Como terminou essa festa, não me lembro. Provavelmente adormeci no carro, no caminho de volta pra casa ou ainda, muito antes do fim dela, no sofá, no meio dos primos e dos irmãos, mas certamente num misto de cansaço e alegria por ter tido uma noite tão deliciosamente cheia de infância.

Daquele tempo o que tenho mais saudade é da inocência de criança, da família toda reunida e da casa cheia de gente, mas principalmente dos meus avós que foram uma grande referência na minha vida. Mas onde quer que eles estejam, sei que estão felizes por saberem que moram nos nossos corações e nas nossas tão doces e ternas lembranças.



Este texto faz parte da Blogagem Coletiva do mês de maio do Espaço Aberto


domingo, 2 de maio de 2010

Tarde de Outono

por Flávia Fernandes


Caminho tranqüila pelas ruas movimentadas e observo um céu azul anil com algumas nuvens que parecem de algodão. Elas se misturam desenhando formas e encobrindo o azul celestial, anunciando que em poucas horas teremos chuva.

Uma brisa agradavelmente suave, para um dia quente e as folhas que caem das árvores formam tapetes verdes nas calçadas e nas ruas, mostrando o outono e, com ele a beleza das flores e do verde das folhas.

Avisto um casal de namorados apaixonado, refugiando-se embaixo de uma árvore. Lugar perfeito pra quem está vivendo o amor em sua plenitude. Do alto da árvore, as folhas caem sobre suas cabeças, como que por abençoar a união feliz, na estação do amor.

Num andar térreo de um prédio, apoiado na janela, um cachorrinho observa o movimento das ruas e aproveita a brisa para se refrescar do dia quente.

Na praça, um artista toca “Jesus, Alegria dos Homens” em sua harpa e agradece umas poucas moedas recebidas dos passantes e esta se torna a trilha sonora da tarde linda de um dia comum de outono.

Respiro fundo pra encher os pulmões de ar fresco e ando devagar pra poder usufruir a bela tarde e o cenário lindo que a dança das folhas promove nas ruas, transformando, como que por encanto, as ruas em um tapete de folhas naturais.

A tarde se vai e o vento carrega consigo as folhas, fazendo-as mudar de lugar, mas registrando nos olhos mais atentos a bela paisagem que só a natureza pode nos oferecer.

Lá no horizonte, o céu com cores que se misturam entre o azul e o laranja, com o sol anunciando que, em poucas horas, irá se por para despertar em outro lugar.

Mais um dia que finda, uma noite que chega, uma lua maravilhosa no céu e uma brisa refrescante. Mais um dia de outono que se vai, trazendo a lembrança de um amor especial e mostrando que, nesses dias mais bonitos é que a distância se faz mais presente e o coração pulsa mais forte e chora de saudade, mas se lembra com carinho de quem, mesmo distante, está sempre muito presente.


Este texto faz parte da blogagem coletiva do mês de abril do Espaço Aberto

domingo, 25 de abril de 2010

Aniversário do meu "Lugar de Mato Verde"

por Flávia Fernandes

Hoje é um dia muito especial: é o dia de comemorar o primeiro ano da existência do blog "Um Lugar de Mato Verde".

No dia 25/04/2009, depois de passar vários meses pensando se deveria ou não publicar aquilo que eu já vinha escrevendo, mas me recusando a aceitar que seria bom compartilhar com o mundo, resolvi que seria uma boa saber o que as outras pessoas achavam. Se eu iria agradar, se conseguiria escrever mais vezes, se teria disciplina pra isso, enfim... resolvi arriscar pra ver no que ia dar e lancei, finalmente, um espaço pra compartilhar tudo com outros escritores que poderiam ler e até dar pitacos em meus textos.

Confesso que tive um pouco de medo, de receio no início, mas depois entendi que estamos livres pra nos expressar da forma como desejamos e, se não agradarmos a uns, certamente agradaremos a outros. Simples assim!

Tenho consciência de que, nesse um ano de existência, foram poucos os textos que publiquei. Uns ainda mantenho guardados e pensando se devo ou não compartilhar, mas isso, o tempo dirá. De qualquer forma, fui fiel e leal a mim mesma, publicando apenas os textos de minha autoria. No máximo, algumas citações de onde saíram as idéias que nasceram tais textos, mas todos eles, foram criados por mim, ou ditados por uma força maior - acredito muito nisso!! - que me auxiliou naqueles que escrevi.

Foi uma experiência incrível. Aqui nesse mundo virtual, pude conhecer outras pessoas, ganhei novos amigos, me expressei de forma que outros me entendessem ou até se identificassem com meus textos.

Aqui eu ri muito, com textos divertidos e muito inteligentes. Chorei com textos emocionantes e também com comentários de amigos que fizeram-me companhia em cada novo post, mostrando que, embora muito crítica comigo mesma, estou trilhando o caminho certo.

Estou muito feliz de poder comemorar, mais uma grande alegria, que é este aniversário do blog, com um sabor super especial, devido aos últimos acontecimentos da minha vida.

Agradeço aos amigos que me lêem sempre, que deixam comentários me incentivando a continuar e ofereço um pedacinho desse blog, como se fosse um espaço de mato, no campo, na natureza onde encontramos equilíbrio e paz, pela data tão importante que é esse aniversário de um ano.

Que venham muitos outros anos e que, a cada um, novos amigos possam estar junto, comemorando e compartilhando alegrias, esperanças ou até mesmo as inevitáveis dores.

Obrigada, de coração, por fazerem parte da minha vida e por estarem comigo, em todos os grandes momentos que se transformam em textos.

Espero que curtam a comemoração junto comigo, mais uma vez e que muitos outros anos venham pra que possamos festejar juntos!

Um beijo no coração de cada um de vocês!
Flávia



Quer conhecer o texto de inauguração do blog? Clique aqui



quarta-feira, 7 de abril de 2010

Encerrando Ciclos


por Flávia Fernandes


Há exatamente seis anos, em um 7 de abril de 2004, por incrível que pareça, também em uma quarta-feira e por volta deste mesmo horário (19h00) eu estava sentada no colo do meu namorado, no sofá de uma antiga sala, aos prantos, completamente sem chão, com um futuro totalmente incerto até para o dia seguinte e em minhas mãos o resultado de um exame em que acusava que eu estava com câncer.

Passei horas tentando assimilar o que estava de fato acontecendo e nesse horário, quando finalmente “caiu a ficha”, caiu também o meu mundo. Aquele era um cenário de tristeza, de medo e de incertezas.

Aos 31 anos, com um futuro imenso pela frente, me via diante de uma luta com um inimigo oculto em que o meu maior desafio era, sem dúvida, o tempo.

Enquanto chorava em seu colo, ele tentava me dizer palavras de coragem, de carinho e de fortalecimento, mas eu estava tão perdida e desorientada que pouco consegui ouvir, no entanto, em um determinado momento ele me disse algo que me chamaria a atenção e que, mais pra frente seriam primordiais pra batalha que estava apenas começando. Ele disse que, embora pequenina, dentro de mim havia uma grande mulher, corajosa, destemida, guerreira e que, certamente passaria como um trator por cima desse ‘cancerzinho’ e que nada, nem ninguém seria maior que eu daquele momento em diante. Ele conhecia minha garra e conhecia também a pessoa que estava ali no colo dele e sabia que eu não entregaria os pontos jamais. Disse também que, com a cirurgia eu tiraria do meu peito, não apenas um tumor, mas também todas as coisas ruins que havia dentro dele, como mágoa, revolta, rancor, tristeza e tantos outros sentimentos negativos que teimavam em aparecer vez ou outra.

Foram 12 horas de choro, de angústia, de medo e de incertezas. Esgotada e cheia de medos, adormeci querendo que aquilo tudo não passasse de um pesadelo ou até mesmo de uma piada de extremo mau gosto. Infelizmente, quando o dia amanheceu, nada tinha mudado, a não ser o fato de que eu estava disposta a encarar como um leão todo e qualquer problema que viesse e, absolutamente nada me venceria enquanto eu estivesse na luta.

Uma semana depois fui até o centro onde freqüento e pedi auxílio aos meus queridos irmãos de luz. Naquele momento, o que eu mais necessitava era de equilíbrio. Muito mais do que isso, recebi o amparo que seria fundamental no período de luta que começava a minha vida. Ouvi que eu era muito mais forte do que realmente imaginava, que minha fé me mostraria que não há limites para vencer os obstáculos que pulam na nossa frente no decorrer da vida e que eu era como um bambu plantado em solo bom: enverga, mas não quebra jamais!

Primeiro veio a cirurgia pra retirada do tumor. Eu tinha pressa, queria me livrar daquilo logo e corri o quanto pude pra que tudo acontecesse em 4 semanas e, em 10 de maio meu dia se iniciaria dando entrada no hospital para a realização da cirurgia e o fim daquele pesadelo que estava vivendo dentro de mim e consumindo minhas energias de forma tão cruel, tão assustadora e tão absoluta.

Completamente leiga do assunto, desinformada e não querendo me precipitar em nada, achava que tudo havia acabado por alí e que a vida seguiria normalmente e seria essa, uma página virada na minha vida. O que eu não sabia é que só teria passado a primeira parte do problema, que muita luta ainda estaria por vir e então, a notícia tão bombástica quanto a primeira: era preciso fazer a tal quimioterapia.

Confesso que fiquei um pouco decepcionada com a notícia, pois meus planos eram outros, mas como tudo aquilo era pro meu bem, levantei a cabeça e enfrentei o que veio, sempre com muita fé, muito otimismo e com um sorriso no rosto pra mostrar que eu estava, de fato, muito bem.

O tratamento começou e com ele, todos os efeitos colaterais. Enjôo, perda de apetite, emagrecimento e a perda dos cabelos. Pode parecer estranho, mas a cada nova etapa, eu me lembrava das palavras do meu namorado, dizendo que tudo o que fosse de ruim seria jogado pra fora e me lembrava também que, embora tudo isso acontecendo, eu realmente estava forte como um bambu plantado em solo bom. Não caí e nem me permiti que isso acontecesse!

Não fosse pela pele quase cinza, pela ausência dos cabelos e pelo fato de estar magérrima, ninguém dizia que eu estava em pleno tratamento quimioterápico. Não sentia dó de mim, não perdi minha auto-estima e jamais permiti que as pessoas me vissem como alguém doente. Queria mostrar que era possível vencer e que qualquer pessoa que passe por isso pode também, vencer com tanta fé e com tanta determinação.

O tempo passou, o tratamento acabou e tudo voltou ao normal, como deveria ser, mas só uma coisa não voltou: a antiga Flávia! Aquela que adoeceu ficou lá no passado e uma nova e muito mais determinada mulher nasceu, cheia de coragem e de amor pela vida.

Me formei na faculdade, fui promovida no trabalho e comecei a trabalhar na casa espírita. Muitos projetos, muitos sonhos e um mundo totalmente novo pra ser desbravado por essa nova mulher que havia nascido. Iniciei alguns projetos sociais e hoje faço parte desse mundo acreditando que a solidariedade, o amor ao próximo, o desprendimento e a mão estendida aos mais necessitados são, de fato, alimento pra nossa alma.

Nesses 6 anos, alguns sustos nos exames de acompanhamento, pra mostrar que pra mim, a vida é completamente cheia de emoções. Foram muitos exames, muitas noites em claro, muita expectativa e, graças a Deus, muitas alegrias.

Hoje, a minha maior e mais esperada alegria aconteceu e eu não poderia deixar de compartilhar com todos os meus amigos queridos e meus familiares que estiveram comigo nessa luta tão grande. Fui ao consultório do meu médico e, após a análise de todos os exames, de uma análise clínica e até psicológica, saí de lá em êxtase com a notícia que há muito eu esperava: estou de alta!

Eu já sorri, já chorei, já cantei, já falei com dezenas de pessoas ao telefone, falei sozinha, dancei no meio da rua, rezei, agradeci a Deus, berrei de felicidade. Acredito que extravasei o grito que estava contido há dias, quando um diagnóstico suspeito nos deixou de alerta, mas que hoje tivemos a confirmação de que não passou de um susto.

Hoje um ciclo se encerra na minha vida e outros começam a se abrir pra que eu possa seguir adiante, com minhas metas e meus planos pra serem colocados em prática, sem o medo, mas com a certeza de que meu caminho está traçado em minha vida, por mim e por Deus, que me auxilia nos momentos mais difíceis.

Não imaginava que essa alegria contagiante, que transborda de dentro do peito aconteceria num dia como o de hoje, mas acho que foi uma forma de Deus me recompensar pelas horas tormentosas de 6 anos atrás, quando o futuro me parecia totalmente incerto. Há agora uma imensidão de vida na minha vida e eu estou pronta pra viver, pra ser feliz e pra cultivar outras novas sementes na minha vida e, tanto quanto tive urgência em vencer o câncer, tenho hoje urgência de viver minha vida com felicidade plena e absoluta e quero, sem dúvida nenhuma, meus amigos, minha família e meus amores por perto, cuidando sempre de todos e do lado espiritual, tão importante até hoje.

Só pretendo levar um pouco da minha história adiante, seja pessoalmente, seja por este blog, seja pelo meu site (Vida Sem Câncer), seja pela minha comunidade no Orkut. Não importa como, mas quero mostrar pra todos que é possível vencer, basta pra isso lutar e ter muito mais pressa que o câncer.


Vida, seja bem-vinda!



Quero deixar aqui os agradecimentos que não podem faltar em hora nenhuma: a Deus, à minha mãe, meu pai, meus irmãos e agregados, ao meu querido e amado ‘tio onco’, dr. Gelson, dr. Hézio que me acompanhou o tempo todo, à dra. Carmen que, como um anjo, salvou a minha vida, aos meus amigos de longe e de perto, os reais, os virtuais, os virtu-reais e os espirituais. Não vou citar nomes pra não ser injusta com ninguém, mas que sabem que esse agradecimento é pra cada um e em especial. Sintam-se beijados, abraçados e acariciados por mim, que de tão feliz, não estou me cabendo dentro!



Deixo aqui um vídeo muito lindo que minha amiga Nana fez, carinhosamente pra mim, em nome de alguns amigos do orkut. Lindo Nana, muito obrigada!!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Solidariedade, o alimento da alma


por Flávia Fernandes

Sempre gostei muito de ajudar as pessoas. Há um desejo intenso dentro de mim, de mudar o mundo. Embora eu saiba que uma andorinha não faz verão, prefiro viver como o beija-flor que faz a parte dele pra tentar apagar o fogo da floresta.

A vida toda procurei ajudar as pessoas e fazer com que a dor, embora inevitável, possa ser suavizada. Sempre fui assim, mas de uns anos pra cá, isso ficou mais forte, mais intenso.

Todas as vezes em que consigo fazer alguma coisa em benefício de alguém, sinto uma onda de paz e amor invadindo meu espírito e renovo minhas forças, na ânsia de ver mais um sorriso de quem estava em prantos, de ver renascendo as esperanças naqueles que já não tinham mais nenhuma e de saber que pude fazer a diferença na vida de alguém, ainda que muito pequena.

De cada gesto, tiro grandes ensinamentos. Difícil até explicar essas sensações, mas garanto que é como se eu tivesse me alimentado depois de um dia de muito trabalho e pouco tempo pra uma refeição decente ou de ter tido uma noite de sono tranqüila. Sinto meu corpo revigorado, meu coração em paz e meu espírito alimentado.

Semana passada eu estava um tanto chateada pela falta de trabalho. Quase nove meses desempregada e não vejo uma luz no fim do túnel. Estava me sentindo sem chão, completamente desnorteada e uma sensação de fraqueza que era até irreconhecível, diante da pessoa otimista e sempre pra frente que sou.

De repente recebo um email que tocou meu coração. A história do Sr. Geraldo de 78 anos, que está na luta contra o câncer há 3 e há alguns meses descobriu que está com metástase óssea. Cheio de amor, de esperanças e de alegria, costuma levar uma palavra de carinho às pessoas à sua volta. Ele faz questão de sorrir diante da dificuldade, pois é dessa forma que encontra forças pra lutar e ser um vencedor.

As palavras lindas que li me fizeram retornar pra realidade. Foi como um chacoalhão pra perceber que não tenho razão pra me sentir fraca, quando já precisei lutar por coisas mais difíceis e venci e que não é dessa forma que irei vencer, que tudo precisa de uma luta, pois esse é o grande aprendizado.

Quarta-feira passada, ainda vivenciando essa emoção, recebi a notícia de uma criança que está hospitalizada com sérios problemas de saúde e portadora de síndrome de Rett. A Victória tem 11 anos, e a doença se desenvolveu quando ela completou 1 aninho de vida.

Mandei uma mensagem de apoio ao seu pai que me agradeceu e passou seu número de telefone pra que eu pudesse fazer contato e, na quinta-feira pela manhã liguei pra saber notícias da menina. Falei com sua mãe. Senti na voz dela uma força digna de uma mãe mesmo, mas senti também a necessidade de ir ter com ela, uma conversa, levar um sorriso, um abraço sincero e uma palavra de apoio.

À noite fiz a visita e ao chegar lá, encontro com uma mãe forte, determinada que luta pela filha e que vive em função dela. Emocionei-me ao conhecê-la. Mulher de fibra como todas as grandes mulheres!

Mas o melhor aconteceu com a pequena Victória. Aproximei-me da cama e comecei a conversar com ela. Falei o quanto é linda, cheia de luz e fiz carinho em seu rosto. Logo ela então ergueu o bracinho e quando peguei na mão dela, ela segurou a minha com força. Com a outra mão, eu acariciava seu rostinho, então soltou minha mão e a pôs em minha cabeça, me acariciando da mesma forma.

Não sei dizer o tamanho da emoção, mas sei que foi incrível. Enquanto meus olhos ameaçavam se encher de lágrima, ganhei o sorriso mais lindo do mundo, com uns olhinhos brilhando pra mim. De tanta alegria, sorri pra ela e disse que era um sorriso lindo e encantador que já havia visto. Mais alguns sorrisos nós trocamos e enquanto eu acariciava seu rostinho e pedia em silêncio que Deus a abençoasse, que a protegesse e à sua família, ela me observava como se estivesse ouvindo meus pensamentos e depois soltou uma risada tão gostosa e tão espontânea que não tive como não rir junto e agradecer a Deus por sempre me mostrar o caminho quando eu teimo em sair dele.

Foi uma experiência maravilhosa e que serviu pra eu ver que não tenho o direito de cair, mesmo quando penso que tudo vai mal. A Victória me deu uma grande lição.

Sei que foi Deus, por intermédio dos bons espíritos que me levaram até àquele quarto de hospital e àquela família até então desconhecida e também que foram eles os responsáveis por esse sorriso lindo, mas naquele instante, fui o instrumento desses irmãos invisíveis, que levou um pouco de paz e de esperança aos familiares; um sorriso, um abraço e uma palavra de conforto.

Cheguei em casa emocionada, com vontade de fazer mais, com o peito transbordando de tanto amor e com meu espírito alimentado.

Foi então que senti que meu caminho é esse e que serei sempre mais feliz quando for solidária aos mais necessitados. Agradeci a Deus por ter me dado tamanha oportunidade e Lhe pedi perdão por ser tão egoísta e cega quando a vida tem tanto a mostrar. Senti que a vida é urgente, que ela precisa ser vivida e que pra ser feliz, precisamos de tão pouco.

Pra fechar a noite, recebi uma homenagem muito linda de seu pai, mencionando o carinho e o agradecimento por meu gesto, em seu blog.

Eduardo, Cristina e Victória, eu quem agradeço essa oportunidade de ter conhecido pessoas tão maravilhosas e especiais!

Agradeço a Deus por me mostrar que nos caminhos encontramos obstáculos, mas que podem ser superados, principalmente quando podemos estender nossas mãos aos irmãos que precisam do nosso amor desprendido.

Que Deus abençoe essas famílias – do Sr. Geraldo e da Victória. Que Ele abençoe à todos os que necessitam de um auxílio e que abençoe também os irmãos que fazem alguma coisa em benefício do próximo.

E você, o que tem feito por seu próximo? Como se sente quando pode fazer algo?


- A história do Sr. Geraldo, contada por sua filha está aqui:

http://www.vidasemcancer.com.br/casos-de-sucesso/vencendo-o-cancer-com-amor-e-boa-alimentacao-por-andrea-pereira/

- O carinho do Eduardo em seu blog, pode ser conferido aqui:

http://edu.guim.blog.uol.com.br/arch2010-03-14_2010-03-20.html#2010_03-18_23_52_09-3429108-0

segunda-feira, 8 de março de 2010

Ser Mulher

por Flávia Fernandes


Ser mulher é ter colo pra acolher,

Conselho para dar,

Lágrima pra enxugar,

Ombro pra oferecer.


Ser mulher é amar incondicionalmente,

É ser capaz de perdoar completamente.

É ser forte, é ser frágil, é ser amiga e confidente.

É ser mãe, esposa e mulher atraente.


Ser mulher é ter o dom da vida.

É ter o alimento para a vida.

É ser a vida para alguém.

É não conhecer a força que tem.


Ser mulher é, definitivamente, uma dádiva de Deus!


Feliz Dia Internacional da Mulher!



Essa é uma singela homenagem do blog Um Lugar de Mato Verde à todas as grandes mulheres. Sejam elas famosas ou completamente anônimas na vida.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Deus


por Flávia Fernandes

“O que é Deus? Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas.”

Essa é a primeira questão do Livro dos Espíritos, escrito há pouco mais de 150 anos, por Allan Kardec, o codificador da doutrina espírita.

Pergunta bastante pertinente, já que ele não queria saber “Quem”, mas o “Que” é Deus.

Bem, muitos não acreditam na existência Dele, outros ainda O questionam com relação à bondade que pregam por aí.

Ontem, durante a palestra no centro, mencionei o fato de que muitas pessoas não acreditam em Deus por terem aprendido errado sobre Ele.

Crescemos temendo a severidade de um ser desconhecido. Aprendemos que no céu há um Deus punitivo e vingativo, severo e que faz barganhas. Isso nos faz questionar a bondade Dele, afinal, vemos pessoas más que se dão bem e pessoas boas que se dão mal o tempo todo. Talvez por isso, há tantas pessoas que se dizem ateus.

Acredito também que, o fato de fazermos de Deus a imagem de um velhinho de barba, que fica sentado em uma cadeira de balanço, com um par de sandálias nos pés e nos espiando aqui embaixo, faz com que nossas atitudes sejam as de, procurá-Lo na hora da dor, da angústia e do desespero, mas esquecê-Lo nos momentos em que a vida vai muito bem. Triste constatação!

Pra mim, Deus não está na figura de alguém, mas como Kardec mencionou, está em algo!

Deus, pra mim, é a força que rege nosso universo. É a força que rege a minha vida. Minha fé inabalável permite fazer com que eu sinta a presença de Deus na minha vida o tempo inteiro.

Deus está no sol que aquece o planeta e ajuda na fotossíntese das plantas. Está na lua bonita que ilumina a noite. Ele está no orvalho das manhãs de inverno, que encontramos nos primeiros raios solares. Deus está nas chuvas que aram as terras. Está nas estrelas do firmamento.

Deus está na beleza de uma flor, num pássaro que canta feliz na natureza, num peixe que corre no rio ou no mar. Está nos animais, nas aves. Na semente que brota, no fruto que nasce. Deus está no mar, nas cachoeiras e nos rios.

Deus está no brilho dos olhos de uma criança inocente, no olhar cansado e distante de um ancião que vive um dia após o outro. Está na felicidade de um casal que acabou de gerar um filho, o verdadeiro milagre da vida. Na mão estendida, na cumplicidade. Ele está na bondade e na generosidade daquele que dá atenção àqueles que passam despercebidos. Está na reconciliação, no perdão, no abraço e no afago.

Pra mim, Deus é amor, é paz, é equilíbrio. Deus está em tudo o que é bom.

Quando observo a natureza e vejo tudo que há de bom e perfeito nela, uma sintonia maravilhosa, uma simetria perfeita, eu enxergo Deus. Quando vejo um cenário de guerra, destruição, tristeza, dor, amargura, revolta, eu só vejo a ação do homem e, nesse momento, me convenço de que, realmente, o mundo jamais poderia ter sido criado pelo homem, pois quem constrói a beleza, não pode ser capaz de causar tanta destruição.

Nos momentos mais difíceis e angustiantes da minha vida, não foi no homem, mas em Deus que encontrei a força pra seguir adiante. Foi conversando com Deus que eu acalmei meu espírito e foi de Deus que recebi as respostas para as perguntas mais difíceis da minha vida.

Deus é um pai bondoso e amoroso que está com a gente em todos os momentos, em todos os lugares, mesmo quando insistimos em mantê-Lo distante de nós. Mais que filhos de Deus, somos crianças de Deus, como disse minha amiga Nana ontem, e me conforta pensar dessa forma, pois só nos vendo como crianças pra ter tanta bondade e amor pra distribuir, mesmo quando insistimos em ser levados ou desobedientes.

Estamos aqui pra viver e ser feliz. Deus não tem pra nós, outro plano, senão esse! Viemos pra evoluir, pra nos melhorar e pra alcançar esferas superiores e mesmo a escalada sendo individual, Deus está presente no caminho e faz de tudo pra que essa estrada seja menos sinuosa possível.

Como diz na música – e eu acredito muito! – “o mundo pode até fazer você chorar, mas Deus te quer sorrindo”.

E pra você, o que (ou quem) é Deus?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Eu, a Re e a Lu


por Flávia Fernandes


Sexta-feira passada, eu tive o grande prazer de receber a Re, minha amiga virtual, aqui em minha casa. Que alegria!

Nos conhecemos em uma comunidade do Orkut, em 2008 e mantivemos contato por algum tempo até que, em 2009, naquela maravilhosa viagem que fiz pro Rio de Janeiro e que mereceu um texto apaixonado, pudemos então, nos conhecer pessoalmente. Ela mora em Volta Redonda e foi até o Rio pro nosso “orkontro”, onde a conheci junto com outras amigas.

O mais impressionante de tudo é que, encontrá-las pessoalmente não foi nada surpreendente. Na verdade, parecia que nos conhecíamos desde a infância. Tudo transcorreu de uma forma tão agradável e divertida que, quem olhasse a nossa volta, jamais diria que estávamos nos encontrando, fisicamente, pela primeira vez.

Mas voltando a falar da Re, foi muito bom recebê-la em minha casa. Aproveitamos pra papear, pra bater perna pelas bandas da Liberdade e da Avenida Paulista, tendo uma tarde extremamente agradável. Falamos de tudo, trocamos experiências importantes pro nosso dia-a-dia e isso só fez aumentar minha admiração por essa pessoa tão querida, tão sábia e que, com um jeitinho tão doce, tem tanto pra nos ensinar. Puxa, a Re é uma pessoa formidável!

No final da tarde decidimos ligar pra Lu, outra amiga virtual, mas que eu ainda não conhecia pessoalmente. Elas já se conheciam há muitos anos, mas eu e a Lu temos contato só há alguns meses e ainda não tínhamos nos encontrado antes.

Fomos até a casa dela. A Lu é uma graça de pessoa, muito expansiva, divertida, super alto astral e extremamente emotiva, o que me chamou muito a atenção, pois é transparente em seus sentimentos. Uma pessoa realmente iluminada! Fiquei muito orgulhosa em ter como amigas, pessoas tão do bem quanto a Lu e a Re.

Passados os primeiros momentos de muita conversa e um papo muito agradável, tive a certeza de que não havia me enganado com relação aos sentimentos dessa amizade virtual, mas que era tão real há tanto tempo.

Com amigos virtuais eu já ri, já chorei, já me emocionei, troquei confidências, me preocupei e causei preocupação. Alguns eu jamais encontrei e outros, vejo com tanta freqüência que já nem lembro mais que um dia foram apenas amigos virtuais.

O mais interessante disso tudo é que, convivemos virtualmente por tanto tempo que, num encontro real, a conversa é uma continuidade ao que conversamos todos os dias.

Por um instante, no meio do papo super agradável com a Re e a Lu, me distraí com meus pensamentos e me senti muito feliz por estar ali, compartilhando com duas pessoas super especiais, um momento tão alegre, descontraído e muito importante.

Como boa sagitariana, dou muito valor às minhas amizades. Meus amigos são um pedacinho de mim. Qualquer um que me falte é como se me faltasse um pedaço.

Quanto mais amigos eu faço, mais necessidade de conviver eu tenho e, nessa sexta-feira, vivi mais uma vez, um dia mágico, podendo estar em companhias maravilhosas.

Confesso que foi um encontro um pouco mais emocionante do que eu imaginava, pois senti a boa energia dessas duas amigas que são muito especiais. Não que os outros não sejam – pra mim, todos os meus amigos são especiais e muito amigos. Não tenho “meio-amigo”, todos são inteiros, todos são importantes e todos são os melhores, cada um do seu jeito – mas esse teve algo de especial. Uma paz, uma tranqüilidade, uma alegria difícil de expressar, mas sei que o que eu senti foi bom. Desfrutei de momentos de muita emoção e senti que precisava expor isso pra todos e também, pra homenageá-las.

Penso que no mundo não há fronteiras. Quando precisamos conviver com as pessoas, o universo dá um jeito de fazer com que se aproximem. Cada ser é único e cada um tem algo de bom pra aprender e ensinar e, seja Deus, sejam os amigos espirituais ou seja lá o que for, sempre há um jeito de cruzarmos os caminhos pra que seja cumprida uma fase de nossa vida, com encontros e despedidas, aprendizado e muitas surpresas que só as vivem, quem realmente vive!

Re e Lu, esse texto é simples, mas foi escrito com muito carinho pra demonstrar a alegria de tê-las como minhas amigas – agora muito mais reais! – e também pra agradecer pelo bem-estar que me causaram, permitindo que eu desfrutasse da companhia maravilhosa de vocês. Que Deus abençoe vocês e abençoe nossa amizade, cada vez mais.

Obrigada amigas, vocês são incríveis!!

sábado, 9 de janeiro de 2010

Pintando a casa, iluminando a vida


Por Flávia Fernandes


Há quase dois anos estou com uma reforma interminável em casa. Esse ano, como havia juntado uma boa grana, estava querendo pôr fim, mas como perdi o emprego e fiquei com medo do tempo que iria ficar parada, resolvi adiar um pouco mais.

Apesar de estar meio feio, o apartamento estava com um clima ótimo e eu acabei não me importando muito com isso, afinal seria questão de tempo pra voltar ao mercado de trabalho e encerrar a reforma de uma vez por todas, mesmo sabendo que ainda há muito que ser feito por aqui.

Bem, depois de 6 meses parada e sem nenhuma perspectiva, confesso que fiquei muito depressiva e comecei a sentir os efeitos das paredes no cimento, aquela cor cinza escuro estava causando tristeza, ao mesmo tempo em que eu estava cada vez mais ‘enterrada’ dentro de casa, mas quando saía, não tinha a menor vontade de voltar. Isso me deixava ainda pior, pois sou apaixonada pela minha casa e pelo astral delicioso que tem.

No início de dezembro, vendo que todo mundo começava os preparativos pro Natal, não me sentia com o menor ânimo pra isso. Estava sem vontade de fazer a ceia, sem ânimo pras comemorações e, bem lá no fundo, dizia pra mim mesma que gostaria de dormir dia 20 de dezembro e acordar dia 02 de janeiro.

Um belo dia minha mãe conversou comigo e, como a ceia de Natal sempre é na minha casa, ela me propôs darmos um jeito na sala, para que pudéssemos ter uma noite mais animada, pois aquele cimento feio nas paredes dava ar de tristeza. De início eu torci o nariz e disse que seria complicado arrumar um pintor nessa época do ano e, se arranjasse, seria caríssimo e eu estava em fase de economia, mas ela disse que poderíamos fazer nós mesmas e eu aceitei o desafio.

Na parte onde não havia cimento, tinha a tinta e era necessário raspar pra passar a tinta nova.

Lá fui eu... comprei uma espátula, arrumei uma roupa que pudesse sujar, peguei a escada e comecei a remover aquela tinta – era um azul horrível e cansativo aos olhos. É engraçado comentar isso, mas foi a coisa mais terapêutica que fiz!

Ralei meus dedos, respirei pó à beça, sujei muito o chão, mas aquilo foi ficando tão bom que muitas vezes não me dei conta que estava há horas fazendo a tal raspagem. Muitas vezes me surpreendi ao olhar o relógio e constatar que já era madrugada.

Levantava moída, com dor no ombro pela repetição do movimento, espirrando por conta da rinite, mas bastava me sentir melhor e já ia pra minha sessão de terapia.

Nesse meio tempo, minha irmã que estava grávida, novamente perdeu o bebê e eu fiz questão de jogar a tristeza pra cima daquelas paredes, usando a espátula pra remover a tinta, com força pra eliminar o que estava ruim dentro e fora.

Depois que a sala já estava inteira raspada, meu irmão veio dar aquela força: ficamos o dia inteiro juntos, passando massa corrida nas paredes e depois lixando, pra deixar tudo bonitinho.

No final do dia, a sala estava uma sujeira assustadora e a vontade que dava era de sair correndo, tamanho o desespero de tanto pó espalhado. Terminei a limpeza já passava das 22h e só tive coragem de tomar um banho e um copo de leite. Dormi de cansaço, mas com um astral completamente diferente do início dessa aventura.

No dia seguinte dei início ao processo de pintura das paredes. Que delícia! A primeira demão de tinta e precisava esperar o dia seguinte pra passar a segunda. A ansiedade da espera foi grande, mas o resultado do primeiro dia foi algo inexplicável.

Como é boa a sensação de arrumarmos o que é nosso, de colocar a nossa mão, fazer do nosso jeito. Acho que nunca tinha tido uma oportunidade parecida na vida e essa, foi maravilhosa!

Foi tudo tão gostoso que fiz até um histórico fotográfico, pra deixar registrados os momentos tão bons que vivi nesses dias em que tive um encontro da minha casa comigo mesma. Recomendo!

Bem, o resultado do primeiro dia só foi possível constatar na manhã seguinte e já estava apaixonada pelo que estava vendo. Mal podia esperar pra dar continuidade e encerrar a pintura da minha sala. Dessa vez, minha mãe e meu irmão estavam juntos e nós três concluímos a pintura, limpamos o chão e recolocamos os móveis no lugar, mudando a disposição. Aproveitei pra colocar também umas cortinas novas e um vaso de plantas, coisa que ainda não havia experimentado na sala.

Na noite do dia 23 de dezembro, após um dia exaustivo de pintura e limpeza da casa, fui dormir com a sensação de que havia mudado de endereço. Cansada, mas feliz.

Ao acordar no dia 24, estava satisfeita com o resultado, orgulhosa por saber que o trabalho havia sido executado por mim. E muito empolgada pra fazer uma linda ceia de Natal e receber minha família com muito amor e carinho.

Fizemos a ceia e o almoço de natal e eu estava tão feliz que parecia uma criança quando ganha um brinquedo de presente. A casa está mais clara, mais iluminada e com isso, minha aura também está. Era possível notar em meu rosto, em meu sorriso a satisfação dessa conquista que é minha.

Com isso, acabei me empolgando e já estou me preparando pra pegar o meu quarto agora. É menor e vai ser menos trabalhoso, mas tenho certeza de que será tão empolgante quanto foi com a sala. Vou só esperar a virada do ano, pois preciso me recuperar do cansaço, mas tão logo o ano comece, vou retomar esse trabalho.

O melhor de tudo é que, com essa pequena novidade em minha vida, os planos pra 2010 são ótimos. A energia da casa me deu uma nova força e estou apostando que, com isso, o ano vai começar muito bem e cheio de coisas boas.


Feliz Natal e um ano novo totalmente iluminado à todos!


Este texto foi escrito em 25/12/2009

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sensação de Abandono

por Flávia Fernandes


Circulando na fria cidade de São Paulo, numa noite chuvosa, observo as luzes de Natal anunciando que nos aproximamos do final do livro de mais um ano e começaremos a escrever nas páginas em branco do livro do próximo ano, onde registramos a continuação das nossas histórias.

Hoje foi o último dia do ano, das reuniões da casa espírita. Tudo muito bonito e emocionante como sempre, embora em meu coração houvesse uma ponta de tristeza, de saudade, de abandono.

Depois de muita emoção e lágrimas entre os amigos, foi a vez da emoção mais forte: a despedida dos amigos espirituais!

Emoção inexplicável, amor, carinho, ternura, luz, paz e os agradecimentos deles para nós, os irmãos encarnados, parabenizando-nos pelos trabalhos de caridade, dedicados durante o decorrer do ano todo e anunciando os grandes progressos que obtivemos na casa, junto à equipe espiritual.

Se os irmãos de luz nos emocionam tanto, não tenho como expor em palavras a emoção sentida quando se apresentaram aqueles irmãos desencarnados, que passaram pela casa durante o ano e pediram e receberam ajuda. Voltaram para agradecer, pra mostrar que fizeram algum progresso e que estão se esforçando pra melhorar dia após dia. Que benção!

Bem, depois da jornada de 10 meses de trabalho árduo, semanalmente, é hora de descansar e colocar em prática os ensinamentos do ano inteiro. Serão dois meses de afastamento da espiritualidade e, mal saí da casa, já estou com aquele friozinho na barriga; aquela sensação de vazio, de abandono por estar distante desses amigos.

Claro que não estou sendo justa ao falar dessa forma, reconheço! Eles estão ao nosso lado o tempo todo, sempre prontos pro devido amparo que necessitamos, mas distante da casa, parece que estamos também distantes deles.

O ano de 2009 não foi nada fácil pra mim. Se tive algumas alegrias, tive também tristezas, perdas, arrependimentos, entre outras inúmeras coisas. A mais difícil, sem dúvida, foi ter perdido o emprego e estar há seis meses parada.

Não sei se é coincidência ou não, mas os anos ímpares sempre vieram pra mim, trazendo uma série de coisas negativas, tristes e algum sofrimento, e esse, por incrível que pareça, não foi diferente. No entanto, se nem tudo foram flores, também nem tudo foram espinhos e o equilíbrio aliado à fé e à perseverança foram fundamentais nas horas mais difíceis e inevitáveis de angústia e sofrimento e a equipe espiritual foi absolutamente responsável por esses momentos em que consegui me manter firme.

Nestes dois meses de afastamento da casa, tenho o compromisso semanal com o evangelho no lar e, acima de tudo, manter o mesmo equilíbrio do ano todo, sem me deixar cair nas armadilhas das pedras que encontrar pelo caminho, manter a fé e o coração voltado pra Deus, acreditando sempre no amor, na união e nas bênçãos que estão reservadas pra todos nós.

Bem, a sensação de abandono (ou medo talvez) é grande, mas a fé vai me ajudar a superar e tocar esses dois meses da melhor forma possível, me preparando pra entrar com garra e perseverança o próximo ano, fazendo o meu papel e colaborando da melhor forma possível.

Medo existe em todos nós. Superá-lo é a meta individual de cada um. Conto com cada amigo, com cada ente querido e com cada espírito de luz pra cumprir tal meta!

Que Deus abençoe a cada um de nós e que possamos nos sentir cada dia mais amparados e protegidos, sempre na certeza de que temos muitos amigos, ainda que invisíveis, nos auxiliando nas horas difíceis.

Feliz Natal, caros amigos. Que o espírito iluminado do Menino Jesus se faça presente nos corações de cada um de nós.



Este texto foi escrito na noite de 09/12/2009